
Não vai se usar aqui a neo-palavra anti-feminismo, pois o caso é maior e mais grave.
Trata-se de violência contra a mulher, uma estupidez monumental espalhada por todo o território nacional, independente de classe social.
Os primeiros a se manifestarem contra o tema de redação do Enem, ontem, foram Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, que mantêm nas redes sociais milhares de seguidores, e nas urnas alguns milhares de votantes.
Como não poderia deixar de ser, a idiotice de ambos espraiou-se pelas redes sociais com a velocidade de fogo em campo seco.
Bolsonaro, deputado federal pelo PP, já se ofertou para duas coisas:
– para ser candidato do partido à sucessão presidencial de 2018;
– para ser vice numa dobradinha com alguém do PSDB, que ele entende ser Aécio Neves, na mesma eleição.
Feliciano, deputado federal pelo PSC, e pastor, é mais modesto. Talvez dispute a prefeitura de São Paulo e, quem sabe, volte a disputar em 2018 mais uma vez vaga à Câmara Federal.
Algumas coisas, como todo mundo sabe, unem estes dois sujeitos:
– o horror aos movimentos sociais;
– o horror ao feminismo (feministas, que eles chamam de feminazis);
– o horror aos homossexuais;
– e lá mais uma porção de horrores que não cabem num balde.
E o voto?
A pergunta do título, como é óbvio, contempla duas alternativas: o SIM e o NÃO.
SIM porque esse tipo de gente sempre consegue se eleger ao legislativo, onde se necessita de alguns milhares de votos, não mais que isso.
NÃO porque para cargos majoritários – prefeitura, Estado e presidência – se precisa mais do que soltar impropérios pelas redes sociais.
Se candidato for, é pouco provável que Feliciano venha a suceder Fernando Haddad, na prefeitura de São Paulo.
Se candidato for (em qualquer condição que seja), é nada provável que Bolsonaro venha a suceder Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.
Perigo
O perigo dessa gente, portanto, não está nos cargos majoritários.
Está em que, para além de Bolsonaro e Feliciano, outras tantas centenas dessas mentes estão no Legislativo federal, e, aos milhares, nos legislativos municipais e estaduais; com (somados) milhões de votos.
Mas perigo mesmo está na disseminação das ideias que defendem e por elas lutam desbragadamente.
Mas não apenas na disseminação/manutenção da violência contra a mulher, mas na disseminação/manutenção de outras violências que atingem camadas largas da população nacional, em meio delas, por óbvio, a mulher, que perfaz pouco mais de 50% dos brasileiros.
É o fogo em campo seco que se alastra, juntando-se a outros fogos também intensos, e que juntos apontam para um incêndio geral no país.
Há, no curto prazo, via eleição, meio de extinguir todos esses fogos que perigam levar o país ao estágio da barbárie e da intolerância?
Infelizmente NÃO!