Os erros grosseiros de comunicação do Partido dos Trabalhadores

Lula Dilma
Crédito da foto: http://www.tribunadainternet.com.br

Tenho batido numa tecla, não há dias ou há semanas ou há meses, mas há anos: a comunicação do PT é ruim. Mais que isso: é muito ruim, quase amadora.

“Ora, direis!” “Que besteira!” O partido é o “mais popular” da história do Brasil e emplacou quatro presidências da República consecutivas, e só está na situação em que se encontra hoje por conta de uma conjunção de fatores, que envolve desde a não aceitação pelas oposições da derrota do ano passado até uma campanha midiática, com pitadas de CIA, de empresários entreguistas e de uma classe média obtusa e raivosa.

Uma pausa para a reflexão.

Deveríamos saber todos que imagem (que se cria através do discurso, ou seja, da comunicação) é tudo, muito especialmente em política, mas também em outras áreas, como a do empresariado (em geral), por exemplo.

Imagine uma empresa de alimentação com sua imagem arranhada por conta de denúncias que indiquem falsificações de produtos e manipulação não higiênica de sua comida.

Quem irá ser cliente ou consumidor de seus produtos?

O Partido dos Trabalhadores se fez popular em cima do discurso da ética (não da moral). Mas mesmo assim enfrentou sérias resistências em vastas regiões brasileiras, que culminaram com as três derrotas consecutivas para Collor e FHC.

Sem abandonar o discurso ético, o PT se colocou “disponível” para as vastas camadas populacionais ao retirar/expulsar de seus quadros companheiros “mais à esquerda”, tidos como radicais/comunistas, e ao criar, a partir da Carta aos Brasileiros, a hoje desgastada e esquecida imagem do “Lulinha paz e amor”.

Ladeira abaixo

Se o partido se fez na esteira do carisma de Luiz Inácio Lula da Silva (que não é pouco e nem pode ser desprezado, embora o momento seja de intensa turbulência) a questão que se coloca ao PT, a partir da primeira posse de seu líder e fundador na Presidência, é o “natural” desgaste que se segue quase que imediatamente ao 1º de janeiro.

A primeira arranhadura na imagem do partido veio em junho de 2005 com a entrevista de Roberto Jefferson, à Folha de São Paulo, que deflagrou aquilo que se convencionou chamar de “Mensalão do PT” (com os seus desdobramentos já conhecidos).

O discurso da ética envelhecera num final de semana. Restava ao partido as boas políticas públicas que beneficiaram as populações mais vulneráveis do país, e um desenvolvimento bastante consistente ancorado pelas commodities.

Isso bastou para sustentar a reeleição de Lula e as duas eleições de Dilma Rousseff.

Mas se olharmos atentamente para os boletins eleitorais a partir da reeleição de Lula vamos notar uma corrosão dos votos especialmente junto às classes médias (média e alta), o que fatalmente iria contaminar, mais cedo ou mais tarde, a classe média baixa e os pobres e muito pobres.

Esse tipo de gente é mais afeita aos discursos morais (e não éticos), como uma estratégia de recuperação de poder e de subalternização (especialmente) das classes mais pobres.

Reação

A partir da fala de Jefferson à Folha o que se viu, dali para frente, foi um partido encurralado, temeroso e tergiversador.

Choveram falas desconexas e pouco consistentes: “eu não vi”, “não sei de nada”, “a culpa é da imprensa e da elite (zelites) que não gostam do PT e nem de pobres”.

A estratégia de imagem (comunicação) já estava delineada (por José Dirceu) há tempos, tanto na construção de um muro de arrimo (com incentivo e financiamento) via os chamados bloques independentes ou de esquerda, quanto na intensificação (a partir dos diretórios regionais e nacional do PT) do discurso de vitimização e perseguismo, conhecido também como “vitimismo”.

O tempo se passou e a estratégia (equivocada) se manteve a mesma, e até se intensificou a partir da reação das oposições derrotadas ano passado e da deflagração da Operação Lava Jato.

Tino

Aparentemente dentro do partido (e do próprio governo) ninguém parou para pensar que versões peculiares e não sustentáveis, contadas várias vezes, não se transformam em verdades, mas sim em falsidades desproporcionais e enormes.

Aos blogueiros, durante todo esse processo, coube “criar histórias” nas quais a maioria dos brasileiros não acreditava, quando não, sequer a elas tinha acesso, posto que os blogueiros passaram a se constituir num gueto só acessado por eles mesmos e pela militância petista.

À militância, insuflada pelos diretórios do partido (regionais e nacional), coube a inacreditável tarefa de eliminar de seus perfis sociais (especialmente do mais popular deles, o Facebook) os chamados coxinhas, quando não nazistas, fascistas etc. e tal.

Ou seja, passaram a falar entre eles mesmos (os militantes) numa espécie de circuito fechado, perdendo, com isso, a capacidade de dialogar (e até de contestar e confrontar) com os opositores de seu partido e de suas crenças.

Com tantos erros de comunicação assim quem há de sobreviver?

Ninguém! Nem o petismo.

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