A presidente Dilma Rousseff está com pressa. Há mais de um mês externou que quer ver um fim rápido para a Operação Lava Jato (embora saiba que não terá, pois, como se diz pelas ruas, o “buraco é mais embaixo”).
Ou seja, tem muita coisa ainda para vir à tona, e todas impactam em seu governo.
Mas a preocupação da presidente é, a rigor, com a Petrobras (o cerne da questão) que está se decompondo, com sua boa cadeia de produção se esfacelando.
Ontem à noite Dilma disse que quer pressa no desfecho de seu próprio impeachment.
Ela sabe do que está falando. Sabe que quanto mais longa for a agonia, maior será o desgaste de seu governo e mais profunda será a crise econômica.
Já há indícios soltos pelo mercado.
Esses são os seus acertos.
Os erros
A fala de Dilma Rousseff, logo após o anúncio de Eduardo Cunha – veja aqui https://afalaire.wordpress.com/2015/12/03/crise-desdobramentos-estrategias-mal-construidas-resultam-em-tragedias/ e aqui https://afalaire.wordpress.com/2015/12/03/fragmentos-pos-apocalipticos-de-uma-quarta-feira-apocaliptica/ -, foi um amontoado de erros e deu ensejo para que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – veja aqui http://www.brasil247.com/pt/247/poder/207617/Cardozo-refor%C3%A7a-‘pedidos-de-impeachment-n%C3%A3o-t%C3%AAm-base-jur%C3%ADdica’.htm – cometesse outros tantos, e açulasse o petismo a agir intempestivamente, acionasse de forma inacreditavelmente infantil o STF – para tentar barrar o processo do impeachment no Supremo – e colecionasse, em apenas um dia, várias derrotas.
As chances
Dilma tem uma ótima chance de colocar a pique a ação do impeachment na comissão que será instalada na próxima segunda-feira e que deverá estar assim constituída:
– 65 membros;
– PSDB, PSB, PPS e PV , 12;
– PT, mais PSD, PR, PROS e PCdoB, 19;
– 8 são do PMDB;
– o restante fica com PP, PTB, DEM, PRB, SDD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEM e PRTB.
Se o processo passar daí e for ao plenário vira loteria, e isso a presidente não quer.
As outras chances reais estariam, mais uma vez, no STF, mas isso em um outro momento, com a presidente totalmente desgastada, seu governo esfacelado e desmoralizado.
Se deixar a presidência, mesmo que por breve período (como prevê a Constituição), Dilma não volta mais.
O confronto
Pró e anti petismo prometem, para os próximos dias, tomar as ruas.
Por óbvio, uns a favor da permanência de Dilma; outros pela sua derrubada, via impeachment.
Todos prometem grandes manifestações, e se teme que haja confrontos (sérios) entre os grupos.
É pouco provável que isso aconteça.
Do lado dos anti governo (tirando de dentro deles um ou outro grupo formado por malucos que pegam em armas e querem “partir para a porrada”) nunca houve e não há nenhum indicativo de violência (de qualquer espécie).
Apesar das bravatas, tanto de Lula, quanto do PT como ainda do líder sem-terra, João Pedro Stedile, o que até agora está claro é que “as esquerdas” perderam a capacidade de aglutinação e de reação.
Também, acrescente-se, não se trata de gente violenta, disposta ao confronto físico ou a atentados.
O PT diz que conta com “os movimentos sociais” para “barrar o golpe paraguaio”, como essa gente chama o processo de impeachment.
Resta saber o que o partido chama de “movimentos sociais”.
Está falando apenas da CUT, da UNE e do MST ou está falando de “todo o movimento social”?
Se está falando “de todo o movimento social” está cascateando, pois a maioria dos movimentos sociais não está nem aí para as agruras do PT e de Dilma.
E não está nem aí pois foi o próprio PT no governo que tratou de desmobilizá-los e enfraquecê-los, dando musculatura apenas às grandes grifes sociais, tipo, exatamente, CUT, UNE e MST.
É melhor, portanto, e dentro da legalidade, o PT e o governo Dilma buscarem outros caminhos, pois este não vai lhes ajudar em nada. Muito pelo contrário.