
É grave a situação no Burundi (República do Burúndi), um pequeno país da África, encravado entre o Ruanda a norte, a Tanzânia a leste e a sul e a República Democrática do Congo.
Contados, ate agora, após três dias de escaramuças, 90 mortos, entre rebeldes e militares.
Segundo relatos, metade dos mortos é de jovens executados pelas forças de segurança do país.
Há quem já estime o número de mortos, neste princípio de noite (no Brasil), em 130.
Burundi está mergulhado numa grave crise desde o anúncio, em abril, da candidatura do presidente Nkurunziza a um terceiro mandato, o que é considerada, por parte da população do país, contrário à Constituição e ao Acordo de Arusha que pôs fim à guerra civil (1993-2006).
Detalhe: Nkurunziza é da etnia hutu.
Choques entre hutus e tutsis no vizinho país (Ruanda) levaram à carnificina de 6 de abril a 4 de junho de 1994, que vitimou entre 900 mil e 1 milhão de pessoas.
Os tutsis de Burundi se sentem sub-representados e perseguidos, daí não aceitarem a terceira eleição de Nkurunziza.
Ruanda
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país pelos hutus, com o apoio do exército, invade Ruanda pela fronteira com Uganda.
Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz – o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, mediado pela ONU, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, os interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês, em meio a arengas e incitação à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas facções hutus mais extremas.
Essas mensagens exaltavam as diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que os ânimos se exaltavam, os apelos à confrontação e à “caça aos tutsis” tornaram-se mais explícitos, sobretudo a partir do mês de abril, em que se fez circular o boato de que a minoria tutsi planejava o genocídio dos hutus.
O Ocidente
Os países ocidentais fizeram “vistas grossas” à crescente violência em Ruanda, o que ajudou a incentivar os interahamwe.
A história parece se repetir no Burundi.
Na época, as únicas tropas internacionais no país eram os boinas-azuis da ONU, que acabaram por sair, abrindo espaço para a carnificina.
Referências
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O conflito racial entre hutus e tutsi
Genocídio em Ruanda – Wikipédia, a enciclopédia livre