
É difícil saber o que mais apavorou o Brasil ontem:
(1) se o voto do ministro Fachin, do STF, que levou o Palácio do Planalto ao desespero e à depressão;
(2) ou se a suspensão dos serviços do WhatsApp por míseras 48 horas.
Pelo pavor maior exposto, aparenta, para os brasileiros, que o ser humano surgiu há alguns milhares de anos grudado na tralha eletrônica, portanto, esta muito mais importante que o oxigênio e a água.
Sempre se dá um jeito de ir ao supermercado comprar uma garrafinha do líquido e numa loja especializada adquirir um botijãozinho de oxigênio, acompanhado da indispensável máscara.
Mas… ó Deus, como viver sem o WhatsApp?
Já o voto de Fachin, se alegrou toda galera anti-dilmista, levou a presidente e seus assessores a um enorme desânimo.
Se os outros ministros e as ministras seguirem a linha de Fachin, o Planalto entende que a saída é re-arrumar a base aliada e tentar bater o impeachment ainda na Câmara.
Se passar pela Casa, ainda dominada por Eduardo Cunha, necessariamente o Senado tem de acatar a decisão e a partir daí Dilma Rousseff tem de se afastar por 180 dias até que o processo seja todo ele concluído.
Trata-se, por óbvio, de um caminho sem volta.
Saiu não volta mais.
Sem toalha
Dilma Rousseff não é mulher de jogar a toalha.
Vai até o fim na luta, com ou sem acompanhantes, principalmente aquele que agora deu de falar besteiras sobre a responsabilidade dos portugueses na precariedade da educação brasileira.
Disse, mas depois disse que não disse.
Já conhecemos a estratégia: “não vi”, “não sei de nada”, “não disse”, “mas se disse fui mal interpretado”.
E assim segue a árdua vida da presidente da República Federativa do Brasil.
Mas acrescente-se em pé de texto que o governo também está desanimadíssimo com os rumos da economia, o que, de resto, piora a crise política que foi forjada à sombra da crise econômica, que a própria presidente diz ter sido negligenciada, por ela e pelo seu antecessor.
A diferença entre ambos é que quando a presidente diz alguma coisa ela se garante até o fim, sem essa de “disse” e de “não disse”.
As próprias previsões do governo para a economia ano que vem são péssimas.
Diria quase piores que as previsões do tal do mercado.
Já se especulou (durante todo este ano que se finda) sobre o futuro da presidente: impeachment, cassação, afastamento, renúncia e até suicídio.
As três primeiras hipóteses não dependem de Dilma Rousseff e as duas últimas não fazem parte do cardápio de sua personalidade.
Embora, conhecendo Dilma Rousseff, caso o andor da economia brasileira desande de vez e ameace ir ao chão, a penúltima das hipóteses (a renúncia) não deva ser assim em definitivo descartada.
Dilma pode ser tudo na vida: cabeça-dura, turrona e um bocado malcriada, mas irresponsável não é.
Entre sacrificar toda população brasileira e colocar em risco o futuro do país, a presidente opta por se imolar.