Samarco ou quando um pouco de autoritarismo vai bem

Doce
Crédito da foto: www1.folha.uol.com.br

O imenso Liev Tolstói, escritor, libertário, místico, pacifista e anarquista russo, amigo de Mohandas Karamchand Gandhi, o indiano, dizia uma coisa extraordinária:

Para ser anarquista é preciso ser disciplinado.”

Isso teve torcer os pelos pubianos de meninos e meninas anarquistas d’agora, acostumados mais à bandalheira que à disciplina.

Mas é por aí.

Ninguém chega a algum lugar (se é que se quer chegar a algum lugar) vivendo “de boas”.

Há que se ter disciplina para virar um atleta de ponta ou um grande cientista, por exemplo.

O Estado (se é que se pode confiar no Estado; eu não confio nenhum pouquinho. Aliás, acho o Estado uma desnecessidade que somente sobrevive graças a nosso medo e a nossa incompetência) deveria deixar de lero-lero e levar algumas coisas a ferro e a fogo.

A catástrofe

Por exemplo, a catástrofe ambiental e humanitária do Rio Doce, nas Minas Gerais (e, por extensão, no Espírito Santo).

A Samarco (a autora do crime) foi multada em alguns milhões de reais, mas muita gente desconfia (com razão) que essa montanha de dinheiro vai acabar não se prestando nem para a recuperação do rio e de suas várzeas e nem como refrigério para quem perdeu muita coisa (especialmente as pessoas pobres e socialmente vulneráveis).

É quase certo que isso aconteça mesmo, pois a empresa vai se valer de todos os recursos e de todas as brechas legais para protelar o quanto puder as indenizações.

Me lembro aqui rapidinho de uma pesquisa que fiz em 1980, na margem direita do Paraná, no Mato Grosso do Sul, onde as pessoas estavam sendo desalojadas pelos alagamentos provocados pela construção das barragens na bacia rio.

Muita gente já morreu sem receber as indenizações.

Muita gente que ainda está viva, está velha, mais pobre do que antes e até agora não recebeu as tais das indenizações.

As indenizações devidas pela Samarco deveriam ser irrevogáveis e irrecorríveis.

Se a justiça chiar, manda-se a justiça à merda.

A vida dessa gentarada não pode esperar que o caso vá bater no Supremo daqui a não sei quantas décadas.

Até lá muita gente já terá morrido sem receber indenização e outras tantas estarão mais velhas e mais pobres sem esperança de receber as tais das indenizações.

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