É sempre possível piorar o jornalismo que já é ruim

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Crédito da ilustração: http://www.agenciaopen.com

Um desses sujeitos que se diz de esquerda e independente (isso é um contrassenso) resolveu, em seu blog, criar uma, digamos, coluna chamada Notas anti-apocalípticas.

A intenção é clara: mostrar que a economia brasileira não está no fundo do poço e que tudo não passa de invenção da imprensa (dita, PIG) e da oposição que perdeu a eleição de 2014 e quer porque quer apear a Dilma do poder para tomar de assalto o Palácio do Planalto, e, óbvio, os cofres públicos.

Aliás, diga-se de passagem, poucas coisas são mais desejadas que os cofres públicos, aqui e alhures.

Mas usufrui deles quem está no poder, mesmo que perifericamente.

A pérola de hoje diz que “Janeiro tem primeiro superávit para o mês desde 2011”.

Bem, como Dilma é presidente do País desde janeiro de 2011 fica difícil saber se se trata de um elogio ou de uma desfeita à presidente; se uma homenagem para a sua (dita pela oposição, inimigos e adversários) incompetência.

Eu já disse milhões de vezes isso e vou repetir mais uma vez:

Quem usa da escrita para sobreviver deve ter cuidado com as palavras. Mal colocadas elas são bumerangues que, no retorno, acabam por acertar a nossa cabeça.”

Mas a questão nem é essa.

Cada um que cuide de sua própria incompetência.

A questão é a descontextualização do fato/acontecimento que está sendo narrado.

A descontextualização agrava a incompetência do dizer ou do falar, e sempre deixa aquele rastro de intencionalidade.

Ao suprimirmos parte daquilo que deveria ser enunciado (dito/escrito) nós demonstramos que a nossa intenção não é das mais, digamos, castas.

Seria, por exemplo, como se eu fizesse uma matéria sobre uma corrida de Fórmula 1, na qual os pilotos pátrios foram apontados como os favoritos da prova, mas nenhum deles a terminou.

Há uma série de detalhes e fatos que podem ter permitido a derrocada: a chuva, os pneus, o vento, a incapacidade da equipe de cada um deles naquelas medonhas paradas nos boxes e assim por diante.

Dizer que os bravos pilotos nacionais são incompetentes porque simplesmente são incompetentes é um pouco de estupidez.

O superávit alcançado pelo Brasil tem pouco a ver com a competência administrativa do governo federal, mas muito a ver com a alta do dólar (na casa dos 4 reais), o que favorece as exportações, já que o produzido pelo Brasil fica mais barato no mercado internacional, e com as poucas compras que o país faz neste momento no exterior (pelo governo e pela iniciativa privada) exatamente por conta da alta do dólar.

Então há pouco que se festejar, e muito a se lamentar, pois o Brasil (público e privado) perdeu a capacidade de compra no exterior, e especialmente daquilo do qual ele mais precisa: tecnologia, como é o caso da Petrobras, por exemplo.

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