A intimidade inexistente que o jornalismo adora ter com os ídolos

Pele Lula
Crédito da foto: http://www.abril.com.br

Os apelidos normalmente são intimidades.

é pra Fernanda/o; Lu para Luzia, Luiza, Luís, Lúcia/o; Ma para Mariana, Maria/o; Cris para Cristiana/o; Rai para Raimunda/o e por aí se vai.

Há apelidos, no entanto, que são universais e acabam até por suplantar o nome. No Brasil temos dois exemplos ótimos: Pelé (Edson Arantes do Nascimento) e Lula (Luiz Inácio da Silva – o Lula foi incorporado oficialmente ao nome completo anos mais tarde, e acabou até se estendendo aos descendentes, um caso raro).

Fora das intimidades (e fora dos casos raros como os de Pelé e de Lula) nos referimos às pessoas pelos seus nomes de registro: Fernanda/o, Luzia, Luiza, Luís, Lúcia, Mariana, Maria, Cristiana/o, Raimunda/o.

A maioria dos apelidos nasce na própria família. Em Cotia, há dois casos em uma mesma, e, aliás, um bocado esquisitos até porque ligeiramente ofensivos: Bolão e Totó.

Mas mesmo nesses casos, esses apelidos não escapam do núcleo familiar e dos amigos.

Há, no entanto, no meio do jornalismo chamado frufru (o jornalismo que cuida de noticiar futilidades), mas não só nele, a mania de se referir a certas personalidades por apelidos íntimos, como se o profissional de imprensa gozasse de intimidades com o ídolo.

Galvão Buenos, narrador da Rede Globo de TV, costuma se referir a Michael Schumacher como Shumi.

Até onde registra a história, nada consta que o narrador brasileiro almoce, jante e visite o ex-piloto, hoje em estado vegetativo, regularmente.

A moçada do jornalismo frufru capricha e chama a cantora Rihana (nascida em Barbados) de Riri ou Rihi e a atriz norte-americana Jennifer Lopez de Jo Lo.

Trata-se de um caipirismo ou de um jequismo, como queiram, de gente que quer impressionar os consumidores desse tipo de informação, como se dividissem a sala de jantar e a pérgola da piscina com essas pessoas famosas; e morassem muro e cerca ao lado, trocando bons-dias e boas-noites cotidianamente, e impressões diárias sobre política, economia e filhos.

Pura fanfarronice.

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