Gardênia tem uma birosquinha aqui perto do prédio. É daqueles armarinhos providenciais, onde você acha tudo de que precisa com urgência e de última hora.
É uma simpatia.
Nunca perguntei, mas creio que seja goiana ou tenha nascido no Tocantins.
É uma senhora obesa, apoplética, fuma mais do que eu, tem dificuldades para respirar e vez por outra vai parar no hospital ou em um pronto socorro.
Apesar da simpatia ela faz cara de poucos amigos quando por lá só apareço para comprar cigarros.
Ela trabalha feito um mouro.
Trabalhar feito um mouro é uma expressão pejorativa portuguesa.
Dona Gardênia não está gostando nada, nada do que anda acontecendo com o Brasil.
Em parte ela repete o que diz minha mãe: “todos os ricos são ladrões”.
Pra ela tudo vai ficar como está (quer dizer, ruim) caia ou não a Dilma.
“Não vai mudar nada”, vaticina.
Ela só acredita numa coisa: enquanto viver (e puder) vai trabalhar feito um mouro, e continuar pobre.
aê batuta, liberando seu lado poético hein!!!! finalmente, ô ranzinza: muito belo esse texto sobre dona Gardênia, aprofunde mais essa veia, pra ficar menos chão, certo cara?
abração
paulão
(aguarde recolha de informações sobre o livro on line, e super obrigado pela gentileza)
CurtirCurtir