
Ninguém deveria levar a sério a “delação premiada”, que não passa de uma malandragem jurídica, surgida nos Estados Unidos e copiada por aqui, e que tem o intuito claro de “livrar a cara” ou pelo menos amenizar a condenação de acusados, em troca do envolvimento (delação) do maior número de pessoas possível e a revelação de fatos e acontecimentos que estejam fora do alcance das investigações (o que não quer dizer necessariamente que sejam corretos e reais).
Não se mistura aqui (e muita gente faz isso, infelizmente) a “delação premiada” com o instituto da “proteção à testemunha”, pois este tem outro caráter: o de proteger pessoas que têm muito a dizer sobre um crime, mas nele não estão envolvidas.
Estranhamento
De ontem para hoje, registrou-se no Facebook do autor o estranhamento com relação à “Lista da Odebrecht” (veja abaixo os textos publicados no Face).
Pelo menos, em tese, a lista não faz parte da suposta delação premiada dos executivos da empresa.
A lista foi encontrada durante as investigações ou a empresa deixou que fosse encontrada, o que é mais provável que tenha acontecido.
Persiste, portanto, por aqui, dúvidas sobre a lista e a real intenção da empresa.
Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato aparentam, igualmente, duvidar “da lisura” da lista e, ainda, da intenção do capo da (hoje) organização criminosa, Marcelo Bahia Odebrecht.
Na prática, os procuradores querem saber se Marcelo e outros executivos da empresa irão colaborar efetivamente com as investigações da Lava Jato ou tentam apenas tumultuar (espertamente) o processo.
A delação
Há pouco mais de uma semana, ávida e açodada como sempre, a imprensa (ou pelo menos parte dela) se apressou em dizer que o acordo de delação já havia sido firmando.
Em nota, ontem, os procuradores da força-tarefa desmentiram a “informação” (sic):
“A tentativa de negociação de uma delação premiada por executivos do Grupo Odebrecht começou mal, na avaliação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Na nota de esclarecimento divulgada nesta quarta-feira, em que afirmou não existir nem sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht, a força-tarefa critica a divulgação do acordo…”.
Se os procuradores “acordaram” ou não para a estratégia dos executivos da Odebrecht é o que se verá nos próximos dias.
Aparentemente sim!
Tudo, no entanto, parece um grande jogo de caça ao rato, ao qual a Odebrecht está submetendo todo o país.
E isso pode ser um tiro no coração da Operação Lava Jato.
A insinuação

Para encerrar, vale registrar por aqui mais uma patacoada da revista Veja na sua incansável caça ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Lula tem plano secreto para evitar prisão: pedir asilo à Itália”.
Há quem acredite ou queira acreditar nesse tipo de coisa (jornalismo?).
Jornalismo sem fontes claras e (pelo menos) alcançáveis (em algum momento) e sem dados comprobatórios não é jornalismo.
E a revista Veja não faz jornalismo há muito tempo.
Textos do Facebook
MUITO ESTRANHO (19h24)
Apesar de ter ido ao oculista a menos de 90 dias, não consegui enxergar nas planilhas da Odebrecht aquele velho e bom asterisco:
*em milhares de reais
ou
*em milhões de reais
Assim sendo sou obrigado a ir pelo que vejo.
E vejo que um prefeito do interior de SP recebeu R$ 1,00.
Outros, R$ 50,00; R$ 100,00; R$ 200,00; R$ 300,00.
Tudo isso?!?!?!?!?!
Ah…vá.
EITA LISTA ENROLADA ESSA DA ODEBRECHT!!! (0h59)
Mais cedo fiquei intrigado com a história de que não aparecia aquele famoso asterisco indicando se os valores eram em mil ou milhões de reais.
Parece que seja em mil.
Agora, a história de gente que não se candidatou a nada também aparece na lista (e aos montes).
Isso pode dizer muita coisa, por exemplo,
– que alguns dos listados são laranjas de alguém;
– que a empresa criou uma lista semifantasma, para ocultar os repasses irregulares às campanhas.
PETISTAS COMEMORAM O QUE MESMO?
Uma observação final: não entendi ainda porque os petistas estão festejando tanto, se na lista aparece gente como a Maria do Rosário, o candidato petista a São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e gente da campanha do Fernando Haddad.
Além, é claro, de nomes e gente de 24 partidos, boa parte deles de coligações que envolvem o PT.