
Adversários do Partido dos Trabalhadores foram sagazes e cruéis: levaram a discussão política para arena da internet e usaram como estratégia desconstruir a mitologia petista, alvejando (sem dó nem piedade) gente como Lula, José Dirceu e Dilma, entre outros tantos.
O petismo caiu feito um patinho e tentou reagir usando a mesma arena (que não conhece) e a mesma estratégia (que não domina).
Caso alguém resolvesse escrever um manual de desconstrução de imagem, não poderia perder de vista estes cinco primados:
– roubo (Mensalão, Petrolão);
– sexo (os casos extraconjugais de Lula);
– incompetência (gestão de Dilma e dos programas sociais do governo);
– violência (invasão de terras e de prédios urbanos);
– ilegalidade (compra de votos, financiamento de partidos).
O início
A (tentativa de) desconstrução do PT iniciou-se tão logo o partido se viabilizou, na passagem dos 70 para os 80 do século passado.
São fatos marcantes e simbólicos da saga:
– a associação do partido com invasões de terras (que culminaram em mortes) no início dos anos 80;
– a maquiagem dos sequestradores do empresário Abílio Diniz como militantes petistas;
– a morte de dois prefeitos petistas em SP “a mando do PT”;
– a “compra” (sic) de fazendas e aviões por Lulinha, um dos filhos do líder trabalhista;
– e assim continua até hoje.
A Internet
A chegada de Luiz Inácio ao Palácio do Planalto coincidiu com a universalização do uso da internet no País.
Trata-se, porém, de um espaço que o petismo não conhece e nem domina, dado o perfil de sua militância: classe trabalhadora, gente de poucos recursos e de educação precária.
Foi como se um cristão moribundo quisesse ir espontaneamente a uma arena romana para matar leões.
A reação
Antes de “perder as ruas” para os adversários, o partido perdeu a imprensa (tradicional), que lhe era simpática, ao ponto de repórteres chegarem para as entrevistas com Collor de Mello (o primeiro a derrotar Lula nas urnas) cantando a hoje velha e desgastada “Lula lá…/Brilha uma estrela/Lula lá…/Cresce a esperança”.
Quem primeiro percebeu o problema foi José Dirceu, que, chefe da Casa Civil do primeiro governo de Luiz Inácio, buscou uma reação ao financiar, a custa do erário, um grupo de jornalistas-ativistas, chamados de blogueiros progressistas ou de esquerda, para enfrentar o que se convencionou chamar, pouco tempo depois, de PIG (Partido da Imprensa Golpista).
O estratagema de Zé Dirceu esbarrou no julgamento do Mensalão, nos parcos recursos destinados ao grupo e na inépcia dos blogueiros que tentaram enfrentar a imprensa tradicional usando as mesmas táticas que acusavam o PIG de usar: a desinformação, a disseminação de boatos e a supressão/mutilação de informações.
Convenhamos, não tinha como funcionar.
A grande imprensa tem mais recursos, profissionais mais qualificados e melhor técnica.
Foi como se Luiz Inácio tentasse competir com Usain Bolt numa prova de 100 metros rasos.
O resultado
O resultado disso tudo não poderia ser mais óbvio: o PT está destruído e Luiz Inácio, desconstruído.
Apesar dos pesares, Luiz Inácio ainda tem a sua verve e o seu carisma. Acrescente-se ainda que detém pelo menos 20% (das intenções de) dos votos, com potencial para passar dos 30% numa eleição real em primeiro turno.
O PT também possui militância, atualmente meio desmilinguida e diminuída, mas ainda a mantém, em áreas mais pobres, no ativismo social, no sindicalismo e em parte do professorado.
Seja o que for, não é pouca coisa, e isso ainda assusta os adversários.
Mas o partido precisa se sintonizar com o presente e rever a sua estratégia na Internet, trazer o seu discurso para o campo ideológico e se livrar de uma vez por toda (a Dilma já fez em parte isso) dos blogueiros “chapa-branca” que são muito “ruins de serviço”.