“Escritas em sangue” ou quando a culpa é sempre das religiões

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[Quanto da violência humana é realmente culpa das religiões? Em livro que sai no Brasil amanhã, a ex-freira e historiadora britânica Karen Armstrong, uma das mais populares e prolíficas escritoras sobre o tema, refuta a tese de que a fé no sagrado está por trás das principais guerras da humanidade. Antes, o contrário: “O melhor da religião é a capacidade de se opor à injustiça de Estado”.

Está nos campanários, minaretes, torres de sinagogas. Sangue. Em nome da religião, rolam cabeças fiéis e infiéis desde a antiguidade, nas Cruzadas católicas, nas Guerras Religiosas (milhares de mortos nos séculos 16 e 17), nas ondas de assassinatos patrocinadas pela Al Qaeda e, mais recentemente, pelo Estado Islâmico em Paris e Bruxelas. Dizer que tudo isso é por Deus pode fazer barulho, especialmente quando o que se quer é relacionar fanatismo e fé. Mas há verdade nessa fala exagerada? Pode tanta guerra cair na conta da Bíblia, do Alcorão?

Só se for no Alcorão for Dummies e, ainda assim numa interpretação errada, aponta a ex-freira e historiadora britânica Karen Armstrong, uma das mais populares e prolíficas escritoras sobre as religiões – autora, para começar, do best-seller mundial Uma História de Deus (1993). Depois do 11 de setembro, convidada a correr o mundo para explicar o Islã, e irritada com o mantra irresponsável de que “religiões são a principal causa das guerras”, ela decidiu seu novo tema. Quanto da violência dos homens é realmente culpa da religião?

É o que ela discute em seu último livro, Campos de Sangue – Religião e História da Violência (Companhia das Letras), resultado de 13 anos de pesquisas nas tradições do judaísmo, islã e cristianismo, e que será lançado no Brasil amanhã. “Os atos violentos dos Estados, sempre prontos a agredir, é que contaminam a religião. E não o contrário”, disse a escritora ao Aliás, em entrevista intermediada pelo evento Fronteiras do Pensamento, que em 2016 completa 10 anos no País (e do qual Armstrong participou em 2013). “O melhor momento de uma crença é quando se opõe à injustiça de Estado.”

Com a mesma riqueza argumentativa que marca as 532 páginas do livro, Karen discute aqui passado e presente da relação da religião com a política, a ignorância com os textos sagrados (“lemos as escrituras com estupidez sem precedentes”), o Estado Islâmico (“religiosidade depravada”) e o pontificado de Francisco, de quem se diz “grande fã”. Trazendo a discussão ao país onde religião, assim como time de futebol, “não se discute”, Karen analisou a maciça invocação divina na votação do impeachment na Câmara. Não aliviou com os rogos religiosos numa casa laica. “Colocar Deus como alter ego, extensão de nossas imperfeições, incorre no mesmo erro que os terroristas cometem.”]

Vitor Hugo Brandalise – O Estado de S.Paulo

Leia a continuação do texto e a entrevista na íntegra neste link: http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,escritas-em-sangue,10000048227

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