
Não se sabe se Dilma Rousseff fará a “transmissão de cargo” para Michel Temer e, ainda, se descerá a rampa do Palácio do Planalto (com cara de derrotada e sob vaias e apupos) rumo ao Palácio do Jaburu.
É provável que não faça nenhum dos dois gestos.
Porém é também provável que faça o primeiro, mas deixe a festança do segundo para Temer, que se ousar ir ao púlpito saudar & saldar os novos tempos também será sob vaias e apupos.
Dilma não deveria mudar-se para o Jaburu por duas razões:
– ela não é vice-presidente;
– Temer continuará vice, até, pelo menos, a sua derrubada pelas cortes superiores, coisa que não demora muito.
Das enigmáticas
Uma questão intrigante que está posta desde já: “onde Temer irá fixar residência, mesmo que provisória e temporária”.
No Alvorada e, simultaneamente, na Granja do Torto não parece correto pelas razões (agora invertidas) postas logo acima.
De mais e de pronto, tem-se a dizer que a Granja do Torto está já antecipadamente descartada, pois não faz jus à sofisticação urbana e ao gosto refinado de sua companheira “bela, recatada e do lar”.
Dos cheiros
Se a dama não gosta, há quem tenha gostado:
– o último dos ditadores, João Batista de Figueiredo, que amava os bichos e preferia os odores dos cavalos à catinga do povo;
– o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que adorava uma pelada, uma pinguinha e um churrasquinho nos finais de semana;
– a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que falava com plantas e animais e cultivava uma hortinha.
Das sofisticações
Se a senhora Marcela Temer é uma moça sofisticada, o é também a decisão do STF contra Cunha, que, igualmente, assentou Michel no Jaburu e tal qual um médico cínico e sádico deu ao paciente apenas mais algumas semanas de vida.
Nem precisava. Temer nem consegue montar sua equipe de governo e muito menos o seu ministério.
Sábios, como é de praxe, muitos políticos pró-temerismo já estão em debandada, assim como os ex-amiguinhos de Eduardo Cunha resolveram tomar o rumo de casa, enquanto o ex-presi da Câmara se prostra em profundas meditações.
Dos deuses
Como já notaram alguns (poucos, é verdade) expertos, com a decisão da última quinta-feira o novo deus do panteão é o STF, que irá governar o país daqui para frente, pelo menos até o 1º de janeiro de 2019. (leitura necessária nas referências abaixo *).
Esperemos que os supremos apenas não percam a rota durante travessia tão turbulenta.
Das grandezas
Michel assume o Palácio do Planalto na inacreditável e não confortável posição de ter dois trampos públicos simultâneos (isso não é crime?):
– o de presidente vice-presidente;
– o de primeira-dama passageira do STF.
“Nunca antes na história desse país…”
Tivessem um tico de juízo, Temer deixaria o Alvorada e o Jaburu com a inquilina de então e a moça “bela, recatada e do lar” iria até Dilma Rousseff pedir-lhe consideradas desculpas pelas presepadas de seu marido.
Das depressões
Enquanto as carruagens de Dilma, Temer e STF trilham caminhos pantanosos e pedregosos, a esquerda faz o que somente sabe fazer: “nada que seja inteligente e lógico”.
Pelo contrário, está (mais uma vez) deprimida, macambúzia, acachapada, apenas jogando conversa fora como, aliás, se vê bem no texto Jango, Dilma e os erros da esquerda, de um cara chamado Fernando Marcelino, militante do MTST\PR, e que também é mestre em Ciência Política e Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (que horror!) – este texto também é de leitura obrigatória.
Das referências
*Poderosa exceção, André Singer, Folha de São Paulo.
Maranhão dará seguimento ao impeachment de Temer, diz deputado
Gilmar Mendes pede investigação de empresas da campanha de Dilma