
O Senado não deu a melhor bola para a tresloucada decisão do interino presidente da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a votação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, no último dia 17.
Apesar da arenga pomposa do AGU, Zé Cardozo, não se tem como voltar atrás no rito.
A pelota agora está com os senadores e com as senadoras, arremessada que foi pelo plenário da Câmara.
Um dos argumentos de Zé Cardozo foi o de que uma casa (o Senado) não pode anular um ato da outra (Câmara).
O contrário que é verdadeiro, Zé Cardozo, e o senhor sabe bem disso.
Se a pelota está com o Senado não queira levá-la para a casa que não vai conseguir.
Das tramoias
Quando a bomba estourou, se imaginou que a “coisa” tivesse dedo do deposto Eduardo Cunha.
Registrei isso nas redes sociais:
TEM CUNHA NA ANULAÇÃO DO IMPEACHMENT?
O Renato Rovai especula em seu blog, mas a especulação faz algum sentido: Cunha estaria por detrás da anulação do impeachment por Maranhão, seu aliado, aliás.
Cunha se sente traído e quer ganhar tempo para se reposicionar e segurar-se como deputado federal.
Obs. O texto sofreu dois reparos de concordância.
Momentos depois, valendo-me de minha infalível fonte, anotei o seguinte:
ÚLTIMA VERSÃO do TEM CUNHA NA ANULAÇÃO DO IMPEACHMENT?
Dino (PCdoB), o governador do Maranhão, é quem teria arquitetado a coisa, e não o Cunha.
Maranhão e Dino chegaram junto hoje à Brasília.
Maranhão avistou-se, hoje pela manhã, com Cunha apenas para avisá-lo o que iria anunciar.
A esta hora da tarde não se sabe ainda quem foi o autor da façanha, mas tudo leva a crer que seja Dino, o governador comunista maranhense, não sem o beneplácito e as bênçãos de Zé Cardozo, que, claro, não iria posar de padre sem o “de acordo” da presidente.
Dos efeitos
Pela reação de Renan Calheiros (o presi do Senado), garantindo a votação em plenário, no próximo de 11, tudo leva a crer que a manobra (seja ela de que inspiração tenha sido) irritou senadores e senadoras, colocados, naquele momento, como meros apêndices dos/as colegas deputados/as e material descartável e obsoleto dos interesses ainda não claros, sejam palacianos, sejam cunhistas.
Das pressas
Pelo sim, pelo não, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente, Dilma Vana Rousseff, se apressaram em acalmar os sempre açodados militantes petistas.
O que parece não ter adiantado muito.
Mas, igualmente, fiz algumas postagens nas redes sociais a respeito:
DECISÃO DE VALDIR MARANHÃO É ESTÚPIDA E IRRESPONSÁVEL
Vamos deixar agora de brincadeirinha. Já fiz as minhas piadinhas sobre assunto, piadinhas a que tive direito.
A decisão de Valdir Maranhão, o interino na presidência da Câmara, é estupida, sem sentido, irresponsável e afunda o país ainda mais no caos.
Ele não pode anular coisa alguma, e o Senado vai levar a votação adiante no próximo dia 11.
Recorrer ao Supremo ambos os lados recorrem e recorrerão.
É de direito, mas a decisão monocrática de Maranhão NOS ELEVA À CONDIÇÃO DE UMA REPÚBLICA BANANEIRA.
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LÓGICA DA HORA: festeje hoje pra chorar amanhã.
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EU ACREDITEEEEIIII. Nem Lula, nem Dilma caíram na armadilha. Ele diz “vamos aguardar”, ela, “vamos com calma”. Já a militância ensandecida…
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TRANSUBSTANCIAÇÃO
11h50 – corrupto, canalha, safado, FDP.
12h10 – herói, super-Maranhão, homem de coragem, cabra macho.
Um comentário sobre “O Senado está correto: anulação de Waldir Maranhão é pura irresponsabilidade”