
Ontem à tarde, em meio à barafunda que se seguiu à derrubada da votação da admissibilidade do impeachment na Câmara, pelo seu presidente interino, Waldir Maranhão (PP/MA), a Empresa Brasileira de Comunica (EBC) tentou uma velha “jogada de mestre”: a manipulação.
Em síntese a história manipulada dava conta de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), remarcara a votação da admissibilidade (pela casa) para depois do julgamento do ex-petista Delcídio Amaral (MS).
As razões seriam muitas, desde a revogação de Waldir Maranhão, passando por análises técnicas do Senado e um parecer do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a matéria.
Em meio aos festejos e à ocupação do Palácio do Planalto (diga-se, neste caso, por militantes custeados pelos cofres públicos, vindos de todo país) veio a bomba, ou melhor, as bombas: Renan, que não marcara o julgamento, em plenário, de Amaral, resolveu defini-lo para a próxima segunda-feira, dia 16 de maio, e, ato contínuo, reafirmava que o julgamento do impeachment acontece amanhã mesmo, 11 de maio, como estava já previsto.
Como tudo o que é ruim pode piorar sempre mais, pouco antes da meia noite de ontem Maranhão desfez o que havia feito, anulando a revogação; diz-se que, por conta de pressões do próprio partido e dos de oposição ao governo dilmista, e, ainda, por medo de perder tanto a cadeira interina na presidência da Câmara, como, igualmente, o próprio mandato.
As razões de Maranhão para o primeiro ato estão especuladas em texto de ontem deste blog: O Senado está correto: anulação de Waldir Maranhão é pura irresponsabilidade.
Das vontades
Nada disso, no entanto, foi impeditivo para que tanto o primeiro ato de Maranhão, como também a suposta remarcação de Renan deixassem de ser motivos de festejos, urras e vivas, sem as devidas considerações e reflexões que os casos exigiam.
Se o comportamento da militância petista é passável e entendível, o mesmo não se poderia dar tanto com a EBC, quanto com os jornalistas ligados ao petismo, que, apesar de militantes, são, antes, profissionais de imprensa.
Mas, infelizmente, ocorreu mais uma vez.
Das recorrências
Dia antes, cerca de dez ou um pouco mais, um desses coletivos de comunicação (cujo nome perdi em meio ao emaranhado de nomes coletivistas) bronqueava com um de seus articulistas (convidado) que identificava a EBC como uma estatal, e não como uma empresa pública, como gostaria que fosse o coletivo.
Pura militância!
A EBC é sim uma estatal, pertencente ao Estado, e não pública, pois a palavra pública nos remete ao domínio (mesmo que parcial) e ao poder da coletividade, quer dizer, da sociedade, o que não é o caso em questão.
Um bom exemplo de coletivo foi o Coojornal de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um dos mais importantes na resistência à ditadura militar, e que cumpriu seus laboriosos e heroicos dias (até ser fechado) à custa dos esforços e do dinheiro dos próprios profissionais de comunicação e de simpatizantes, sem recursos da iniciativa privada ou do governo, fosse ele nacional, estadual ou municipal.
Assim, como se diz no vulgar, “a mentira tem pernas curtas”, e, no caso, acrescenta mais uma pedra no caminho de Dilma Rousseff que luta desesperadamente para se manter na presidência; íntegra e honesta.