Jornalistas que não podem sofrer dois tipos de acusações – o de serem petistas e o de terem votado em Dilma Rousseff – classificam o processo de impeachment da presidente como GOLPE.
Os mais notórios deles são Mário Magalhães, Juca Kfouri, Paulo Nogueira e Jânio de Freitas.
Não incluo nesse grupo, por razões óbvias, gente como Luiz Nassif, Paulo Henrique Amorim, o cara do blog O Cafezinho e Luiz Carlos Azenha.
São lulo-petistas de carteirinha e de nascimento e de interesses próprios. Então não vale!
Das lógicas
À luz da lua, das estrelas, da lei e da Constituição Federal um processo de impeachment não se caracterizaria como GOLPE (já andei por este campo em outros textos).
Ocorre que é GOLPE, sim, pois se trata de um processo viciado e contaminado, conduzido por interesses externos que nada têm a ver com a Democracia e por gente que, no rigor da lei, deveria estar na cadeia.
Das tramoias
Já se anotou por aqui também, em outras oportunidades, que as tramas que buscam impedir a presidente Dilma Rousseff de seu segundo mandato vêm de longe, mais propriamente localizando, quatro dias após o segundo turno da eleição de 2014, quando se tentou barrar a presidente na sua diplomação, depois na sua posse e, posteriormente, na conclusão de seu (segundo) mandato.
Aliás, é disso que fala Mário Magalhães em seu texto de hoje, na Folha/UOL, “Mais um golpe vagabundíssimo” (mantenho nesta passagem a palavra GOLPE em caixa baixa para ser fiel ao título do jornalista).
“…o Senado debate o afastamento da presidente constitucional Dilma Rousseff. A guilhotina tem hora marcada… Sem blindados nas ruas e divisões de infantaria nas estradas. Com uma embalagem menos vulgar que a de 52 anos atrás (1964). Mas mesmo assim um golpe de Estado. Mais um golpe vagabundíssimo…”
Dos males
Acusa-se Dilma Rousseff de alguns males (seríssimos): o de ser intransigente, o de ser durona, o de não ser política, o de não ter habilidade no trato com as pessoas.
Não creio! Os males delas são de outra magnitude: o de ser mulher, o de ser petista – temporã, é verdade, mais ainda assim petista -, o de fazer parte – em toda sua extensão – de um governo de perfil populista que abriu as portas da sociedade para parcelas consideráveis da população pobre brasileira.
Esta última doença é gravíssima, porque, de uma forma ou de outra, os danos colaterais da enfermidade trazem sérios prejuízos para a saúde das elites brasileiras, acostumas que estão com a exploração desenfreada de pessoas e de riquezas. Mas, igualmente, à classe média, que não ascende (porque não pode e nem tem competência) à elite e ainda vê os miseráveis aproximarem-se perigosamente de seus bunker.
Das consequências
Doenças graves essas transtornam e transformam a sociedade, como anotou Flavio Aguiar em texto para a Rede Brasil Atual, e que também pode ser lido e visto neste blog mais abaixo: https://afalaire.wordpress.com/2016/05/12/a-republica-dos-psicopatas-alemanha-1933-brasil-2016/
Dos sintomas
Gravidades tão profundas assim provocam alucinações, como a da senhora deputada federal mineira que berrou “sim, sim, sim” ao votar pela admissibilidade do processo de impeachment, enquanto a Polícia Federal agendava uma visitinha à sua residência (o que ocorreu no dia seguinte) para prender o seu esposo por CORRUPÇÃO.
Ou na explanação de um feicebuqueiro – a propósito da postagem de um amigo – ao dizer que estava sofrendo com tudo isso e que não havia votado na dupla Dilma/Temer e que então vocês que votaram que deem conta do recado; no que foi prontamente rebatido pelo amigo (de nós ambos) que o identificou como um ativista empedernido anti-Dilma e pró-impeachment ou cassação (tanto faz como tanto fez).
Das jogadas
O blogueiro Menon (também na Folha) igualmente classifica as manhas e artimanhas da política brasileira (a propósito de falar do péssimo jogo de ontem entre São Paulo e Atlético Mineiro) de GOLPE:
“No país em que se tenta chamar golpe de impeachment, é bom dar o nome certo às coisas. O jogo foi pegado? Foi? Foi nervoso? Foi? Que foi um jogo de Libertadores? Sim. E isso tudo significa o que? Foi um jogo ruim, senhoras e senhores.
Logicamente que não foi tão ruim quanto o outro jogo, aquele de Brasília, cheia de manhas e artimanhas. Mas foi ruim.”
Das futuros
Resta-nos saber como agirá a justiça brasileira, muito especialmente o STF, não com relação às acusações à presidente (corretas ou incorretas elas devem e podem seguir adiante), mas aos senhores e às senhoras parlamentares, em sua maioria afundados até a boca numa cloaca abjeta, nojenta e mal cheirosa.
E também nos resta saber como agirão os eleitores (mais de 54 milhões) de Dilma Rousseff que podem ter os seus votos sequestrados na mão-grande, e os movimentos sociais (TODOS ELES, SEM EXCEÇÃO!) aos quais se antevê, desde já, dias sombrios.
VAI TODO MUNDO FICAR QUIETINHO? CALADINHO? PIANINHO?
Aconteça o que acontecer neste futuro imediato (que promete ser doloroso e longo), o presente só nos indica uma certeza: o GOLPE que não é golpe, é GOLPE sim.