As duas melhores matérias sobre a queda do PT estão em jornais estrangeiros

Cabisbaixo
Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e líder do PT – foto http://www.jornaldamidia.com.br

O “partido da esperança” dos brasileiros cai em desgraça (New York Times, na versão impressa da Folha de São Paulo) e Ascensão e queda do petismo: da “década da inclusão” ao impeachment de Dilma (El País, na versão em português no próprio site).

São dois textos contundentes, objetivos, sérios, honestos e bem escritos, que mostram o início da debacle petista com o estouro do Mensalão em 2005, passando pelos acordos pela “governabilidade”, o envolvimento de figuras do topo do partido com a corrupção, as negativas de Lula, os erros políticos de Dilma, a perda da maioria no congresso, as manifestações de rua, a desmobilização das bases do partido, o processo do impeachment e o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República.

Tanto New York Times quanto El País passam longe do ranço revanchista da mídia corporativa nacional, assim como do discurso esquizofrênico da mídia pró-PT e da militância, que agora resolveram eleger um novo bode expiatório: “os pobres ignorantes que se beneficiaram dos programas sociais do lulo-petismo” e agora viraram reacionários.

Quando elegeram Lula (duas vezes) e Dilma (duas vezes) não eram. Eram progressistas

Da ignorância

Pura esquizofrenia e falta de conhecimento da história.

Não se lembram os acusadores da pobreza brasileira de hoje que na base do nazismo alemão, do fascismo em Portugal e Espanha e do stalinismo na antiga União Soviética estão justamente as camadas mais pobres e desesperadas das populações locais, acossadas pela fome, pelo desemprego e pela ausência de futuro.

Da ilusão

A segunda eleição de Lula da Silva para a presidência da República me valeu uma discussão com uma advogada e militante de direitos humanos num bar em Brasília.

Entusiasmada, festejava ela que a população brasileira era de esquerda.

Contestei eu: não era. É de centro, com tendências à direita.

E acrescentei: as pessoas votam de maneira pragmática. Segundo as suas necessidades. E esse pragmatismo as leva a mudar de posição rapidamente, num piscar de olhos.

Ano e meio antes, também em Brasília, dizia eu a um também advogado e militante de direitos humanos que o Mensalão iria colocar a pique, mais cedo ou mais tarde, a nau petista.

Ele contestou, dizendo que o Mensalão era um método apenas para que Lula conseguisse dar sequencia à tal da governabilidade e implantasse sossegadamente as políticas públicas do governo.

Em princípio ele pareceu ter razão, pois Lula se reelegeu e o PT elegeu Dilma mais duas vezes.

A sequência da história, no entanto, terminou com a miríade de processos que acossam o PT, com a queda de Dilma e com a desmobilização da base social do partido.

E é isso que contam as matérias do New York Times e do El País sem subterfúgios e sem meias palavras

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