O senhor da foto [1] é o advogado paulista Miguel Nagib [2]que ficou indignado pela “doutrinação” esquerdista de seu filho em uma escola do interior de SP e fundou o Movimento Escola sem Partido.
Contada assim de forma simples parece ser uma história simples.
E é simples sim, pois foi exatamente isso o que aconteceu.
A complicação está nas explicações, conexões e implicações da iniciativa nada surpreendente do seo [3]Nagib.
Um bom perfil do seo Nagib está traçado na edição em português de El País:
A indignação do advogado Miguel Nagib foi ao limite quando numa tarde de setembro de 2003 sua filha chegou da escola dizendo que o professor de história havia comparado Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, a São Francisco de Assis, um dos santos mais populares da Igreja Católica. O docente fazia uma analogia entre pessoas que abriram mão de tudo por uma ideologia. O primeiro, em nome de uma ideologia política. O segundo, de uma religiosa. “As pessoas que querem fazer a cabeça das crianças associam as duas coisas e acabam dizendo que Che Guevara é um santo”, afirma ele, que é católico e coordena o Movimento Escola Sem Partido, questionado por educadores.
“Ela já vinha relatando casos parecidos de doutrinação. Fiquei chateado e resolvi escrever uma carta aberta para o professor”, conta. Ao terminar o documento, imprimiu 300 cópias e passou a distribuí-las no estacionamento da escola da filha. A iniciativa, entretanto, não deu nada certo. “Foi um bafafá e a direção me chamou, falou que não era nada daquilo que tinha acontecido. Recebi mensagens de estudantes me xingando. Fizeram passeata em apoio ao professor e nenhum pai me ligou”, diz.
Mas não se iluda: seo Nagib admira e é admirado por gente como Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo; apenas no Facebook tem 4.655 “amigos”, mas no Twitter faz menos sucesso: juntando os seus três perfis conseguiu apenas 142 seguidores.
Das idiotices
Não é preciso ser muito esperto para saber que o seo Nagib, além de não gostar do que chama de “doutrinação” nas escolas, odeia as políticas sociais e inclusivas, o bolsa família; os gays, as “vadias feministas” (ops, feminazis) e que se considera um sujeito que trabalha muito e paga seus impostos para sustentar essa “corja toda”.
Não é preciso ser muito esperto para saber que o seo Nagib “fala mal” de petistas, de comunistas e de bolivarianos, embora ele não saiba quem foi Simon Bolívar e nem saiba ao certo o que quer dizer bolivarianismo (mas ele viu a palavra tanto em Carvalho como em Azevedo então ele segue em frente desfilando jargões e palavras de ordem).
Dos perigos
Seo Nagib é um perigo; ele “dá” palestras de norte a sul do país, escreve artigos em jornais e revistas e posta vídeos o Youtube.
Seo Nagib é aquilo que a gente pode classificar como conservador e reacionário (não chegaria a chamá-lo de nazista ou fascista ou nazifascista, porque acho que ele não saiba o que sejam essas coisas).
Seo Nagib é um sujeito desconectado de seu tempo; uma pessoa que ainda não chegou ao século 21.
Seo Nagib está preso ainda aos tempos da guerra fria.
Mas por tudo isso mesmo que seo Nagib é um perigo, pois trata-se de um ghost, de um fantasma, de uma alma-penada que vaga por esta Grande Terra de Tupã com sua pregação.
Se tem gente que morre de medo de almas penadas que vagam por aí, outras se encantam com a sua existência e até as seguem.
Notas
[1] A foto é uma reprodução do El Pais tirada de um dos perfis no Twitter de Miguel Nagib.
[2] Conheci alguns miguéis e uns poucos nagibs em minha vida. O meu melhor amigo na pré-adolescência foi um cara chamado Miguel Alcarpe, que tinha uma veia artística (acho que virou músico, mas não sei por onde anda). Os nagibs que conheci eram todos comerciantes.
[3] Seo é uma redução (processo em que palavras ou expressões são convertidas em outras menores), normalmente grafada “seu”, mas prefiro com “o” do final por se tratar da redução da palavra senhor.