Fiesp recupera todo seu superpoder com Michel Temer

O pato
Quem paga o pato e a conta é você – imagem http://www.fiesp.com.br

Quem “manda” (define os rumos do) no Brasil é São Paulo; quem manda em São Paulo é a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), logo…

Exagero? Paulistanice minha? Provincianismo? Então siga a história.

Criada em 1931, no momento em que se expandia a indústria paulista, graças ao dinheiro vindo do café, a federação estadual ganhou impulso durante a ditadura militar, ditadura nascida de suas entranhas e muito estimulada pelas passeatas “das senhoras” pela pátria, pela família e, óbvio, pela grana dos empresários.

As intervenções rueiras da Fiesp nunca cessaram. Nasceram também de suas entranhas os protestos contra Fernando Collor de Mello.

E aqui entra um naco de história que muitos teimam em querer esquecer. Os tais dos “caras pintadas” foram apenas a face visível das passeatas anti-Collor, movimento que, a rigor, iniciou-se pelas escolas privadas paulistas e paulistanas, sob patrocínio da toda poderosa federação, para depois ganhar as ruas, com o inestimável apoio da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do Partido dos Trabalhadores (PT), este de entrada tardia no movimento.

Essa “passagem de nossa história” aponta para uma contradição, pois fora a Fiesp, em parceria com a Rede Globo de TV, quem impôs ao país Fernando Collor.

Mas não há, a rigor, contradição alguma, pois o confisco da poupança e a segunda “abertura dos portos às nações amigas” (obras do governo collorido) praticamente destruíram a indústria brasileira.

Recém-eleito, Collor já não interessava mais à “toda poderosa”.

Das desautorizações

Collor se atritou com a Fiesp desde o início, não permitindo o velho beija-mão aos industriais paulistas pelos seus ministros da Fazenda, Zélia Cardoso de Melo e Marcílio Marques Moreira.

A afronta irritou a Federação, ao ponto de seu presidente de então, Mário Amato, dizer que não existia ministro da Fazenda no Brasil antes que este fizesse sua visita habitual ao prédio da alameda Santos, 1.336.

Collor fez-se de desentendido e diminuiu, assim, o poder (nacional) da Fiesp, que acaba de ser restabelecido pelo interino Michel Temer.

Dos poderes

Quem acompanha o dia a dia das organizações empresariais nacionais (como é o caso das confederações, tipo CNI, CNT, CNA etc.) tem consciência de que o empresariado paulista está pouco se lixando para elas.

Em São Paulo, tem-se a certeza de que essas organizações (como se diz no vulgar) não fedem e nem cheiram. Quem manda são os paulistas, e “fim de papo”.

Itamar, FHC, Lula e Dilma apenas seguiram o proposto por Collor, colocando mais lenha na fornalha das confederações, muito especialmente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Mas eis que a Fiesp nunca parou de tramar, como nunca deixou de buscar a queda dos governos petistas: daí as manifestações na avenida Paulista, o pato da Fiesp e as recentes propostas fiespianas para suprimir direitos trabalhistas e sociais.

Quem está no governo federal (provisório), agora, é um de seus “meninos”, assim como o é Geraldo Alckmin, o longevo governador paulista e, quiçá, candidato tucano à presidência da república em 2018.

A fera voltou com tudo. É preciso domá-la ou restabelecer o estabelecido por Fernando Collor de Mello.

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