Esfacelado, o PT amarga seus últimos dias completamente sem rumo

Cabisbaixo
Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e líder do PT – foto http://www.jornaldamidia.com.br

Este texto é, sim, uma continuidade de “O que será do amanhã”, presidente Dilma Rousseff?”, postado logo pela manhã. É também  a continuidade de uma série de artigos sobre a demolição do Partido dos Trabalhadores que escrevi, neste blog, desde meados do primeiro governo de Dilma Rousseff.  Artigos esses que causaram indignações e provocaram xingamentos diversos.

Não vou indicá-los abaixo não. Não é mais necessário. Foram apenas previsões que se confirmaram.

O que vai abaixo são dois artigos (de hoje) de jornalistas de esquerda, Celso Lungaretti e Ricardo Kotscho; textos  sem o ranço do peleguismo obtuso muito comum dos tais blogueiros de esquerda ou ditos independentes (sic).

Lungaretti foi “guerrilheiro” prematuro; preso, torturado, acusado de traição e que até hoje luta por indenização à qual, à luz da atual legislação, não tem direito.

Kotscho é petista de primeira hora e eterno assessor de imprensa de Luiz Inácio Lula da Silva.

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“Dilma e o PT já travam a guerra da partilha dos bens”

DilmaQuando tinha o jornalismo como profissão, ouvia uma campainha soando em minha mente nos momentos em que um entrevistado tentava me manipular. Então, não levava em conta apenas o que ele estava dizendo, mas refletia sobre qual seria o porquê de ele dizer tal coisa. Alterar o comportamento dos mercados em favor de alguém? Detonar algum adversário nas escaramuças de bastidores? Desviar as atenções de um erro ou falcatrua em que estivesse envolvido?

Se há algo de que me orgulho na minha carreira é nunca ter sido ingênuo e jamais haver deixado que algum me(r)dalhão da política ou das finanças me usasse como correia de transmissão de versões que tentava plantar na imprensa. E também recusava as propostas indecentes que me eram feitas abertamente. Preferi dormir bem do que desfrutar as vantagens e regalias que obteria se fosse mais flexível. Cada um sabe o que quer na vida.

A campainha tocou quando o PT lançou uma declaração oficial de que não estava abandonando Dilma Rousseff. Ora, por mais gritantes que sejam as evidências de que seu afastamento não terá volta, caberia ao partido, noblesse oblige, apoiá-la até o fim, afundando junto com a capitã. Se vem a público declarar que está fazendo o que nada seria além de sua obrigação… é porque, obviamente, não o está fazendo. 

Enquanto isto, Dilma solta os cachorros em cima do partido na entrevista que concedeu à revista Fórum. Está lá:

“Eu acredito que o PT precisa passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que se reconheçam todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas“.

Ou seja, está sendo impichada por crime de responsabilidade e insinua que a total responsabilidade cabe ao partido, que prevaricava enquanto ela tocava harpa com os anjos. É o mesmo que dizer: “As acusações procedem, mas não contra mim. Foi o partido que cometeu todos os deslizes do meu governo”.

Ela também aponta sua metralhadora giratória em várias outras direções, menos numa: a sua. Pois, embora o modelo de governo adotado nas duas gestões do Lula estivesse esgotado, foi a Dilma quem chutou o pau da barraca.

Tornara-se impossível proporcionar recordes de faturamento mês após mês para os grandes bancos e, ao mesmo tempo, ir aumentando homeopaticamente a quota de migalhas para os andares de baixo. 

Se a Dilma mantivesse a política econômica do Lula, haveria recessão, mas muito menos aguda do que aquela que acabou ocorrendo.

Se ela se mirasse no exemplo da Wanda, romperia a aliança com o grande capital e apostaria as suas fichas nos explorados. 

[Aumentando, p. ex., substancialmente a tributação das grandes fortunas, que sempre foi ridícula (de tão irrisória!) no Brasil. Precisaria, é claro, organizar as massas para que estas lhes dessem sustentação, uma lição de casa que deixou de ser feita nos oito anos do Lula. Mas, teria levado as lutas políticas e sociais do Brasil a um novo patamar e, ainda que fosse derrubada, o seria como titã (a exemplo do Allende) e não enxotada por um piparote do Congresso.]

Em vez disso, ela preferiu ir buscar no fundo do baú o nacional-desenvolvimentismo da década de 1950, tentando alavancar o crescimento econômico com investimentos estatais. Se isto não funcionou com o Getúlio Vargas, cuja estatura política era infinitamente maior e que tinha muito mais apoio dos trabalhadores, como poderia dar certo em plena época de globalização dos mercados e com timoneira tão medíocre? Não deu outra: ela afundou de vez a economia e praticamente quebrou a Petrobras.

O segundo maior motivo do impeachment decorreu do primeiro: quando lhe caiu a ficha das lambanças que cometera e da terrível recessão que incubara para o mandato seguinte, ela quis a todo custo se reeleger, na esperança de consertar os estragos e salvar sua imagem.

Recorreu ao pior estelionato eleitoral de todos os tempos no Brasil, obteve sua vitória de Pirro e… simplesmente, não soube o que fazer com ela! Passou 16 meses sem conseguir tomar as rédeas da situação e imprimir um rumo à economia. Como a natureza e a política abominam o vácuo, o sistema tratou de preenchê-lo com o Temer. 

De resto, o subtexto das últimas movimentações do PT e da Dilma é este: o casamento está rompido e os antigos cônjuges já começaram a disputar encarniçadamente os bens outrora comuns.

Os grãos petistas estão carecas de saber que o mandato presidencial daqui a algumas semanas virará cinzas e, retórica de conveniência à parte, querem mais é descolar a imagem do partido da de Dilma. Sabe-se que vários candidatos do PT às eleições municipais estão preferindo ter no seu palanque o Demo com chifre e rabo do que a afastada… 

Na guerra da partilha dos bens, aposto no PT. Dilma se tornará irrelevante instantaneamente, no exato momento em que a despejarem do Palácio da Alvorada, enquanto o partido definhará aos poucos, conforme novas forças forem emergindo na esquerda, com propostas mais ousadas… e revolucionárias! 

O tempo da conciliação de classes acabou. A página seguinte será escrita por uma esquerda fiel ao legado de Marx. Bernstein (o pai do reformismo) nunca mais!

Por Celso Lungaretti.

In http://consciencia.net/dilma-e-o-pt-ja-travam-a-guerra-da-partilha-dos-bens/

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“14 a 5: goleada no Senado era previsível”

Para quem assiste ao Jornal da Record News, não chegou a ser uma surpresa a goleada por 14 a 5. Meu palpite no jornal, desde a semana passada, previa a aprovação do parecer pró-impeachment do relator Antonio Anastasia pelo placar de por 16 a 5 (a Comissão Especial do Senado tem 21 integrantes). É que dois senadores governistas faltaram à sessão desta quinta-feira sobre a continuidade do processo, que agora será analisado e julgado pelo plenário.

Foi a última reunião da comissão, que durou 100 dias, teve muita discussão e bate boca, milhares de horas de discursos a favor e contra para, no final, terminar exatamente como começou, com apenas cinco senadores pró-Dilma, que foi mais uma vez derrotada. Ninguém ali mudou de posição.

Na reta final do processo, faltam apenas duas votações no plenário, em sessões que passam a ser comandadas a partir da semana que vem  pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski. No dia 9, próxima terça-feira, o Senado decide se Dilma deve ir a julgamento, como decidiu a Comissão Especial nesta quinta-feira. A decisão final está prevista para começar no dia 25 e terminar dia 29 de agosto, mas Lewandowski só vai anunciar as datas na semana que vem.

Para terminar tudo até o final do mês, o presidente da República interino, Michel Temer, e o do Senado, Renan Calheiros, fizeram um acordo com dois objetivos:

* Antecipar o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff para que Temer possa ser efetivado logo no cargo antes que surjam fatos novos capazes de mudar o cenário, hoje amplamente favorável ao presidente interino.

* Adiar até onde for possível a sessão da Câmara, que deve aprovar a cassação de Eduardo Cunha, para evitar que  ele cumpra as ameaças de se tornar um homem-bomba antes da votação do impeachment.

Para Dilma, já começou a contagem regressiva, qualquer que seja a data do julgamento. Até o PT já parece ter desistido de se empenhar manter o mandato da presidente afastada: na reunião da sua Comissão Executiva Nacional, nesta quinta-feira, em São Paulo, a pauta previa a discussão apenas de estratégias do partido para as eleições de outubro.

A goleada de 14 a 5 na Comissão Especial foi uma prévia do que deve acontecer no plenário do Senado, prevendo-se igual proporção de votos, onde são necessários 54 votos para aprovar o impeachment e 27 para rejeitá-lo.

Por Ricardo Kotscho.

In http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/14-a-5-goleada-no-senado-era-previsivel/2016/08/04/

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