
Esta segunda-feira, 22 de agosto, empurra o Brasil de volta ao impeachment, à Operação Lava Jato, às prisões e às ameaças de prisões, aos escândalos políticos e empresariais, às propinas e às corrupções. Não que o país tenha se desconectado totalmente desses assuntos por conta dos jogos olímpicos, que, se causaram alguma comoção e exacerbaram os nacionalismos, não mobilizaram tanto assim e não levaram brasileiros e estrangeiros em grande quantidade às arenas e nem provocaram quebras de audiências nas redes de TV, coisa, aliás, bastante costumeira, principalmente em jogos de futebol do campeonato brasileiro e das copas do mundo.[1]
A “volta à normalidade” dos confrontos políticos e partidários se dá em meio às crises política e econômica, que vão, aos poucos, vilipendiando o país e empobrecendo as pessoas.
Há muita gente temerosa não tanto com o futuro da nação, mas, especialmente, com o seu próprio destino. Para o futuro de cada um dos brasileiros, a questão mais premente é o da aposentadoria, em outras palavras: “o que vai acontecer com a Previdência Social?”.
Dos confrontos
A Previdência (ao lado do petróleo, é verdade) é o caso mais clássico do confronto entre estatistas (supostamente de esquerda) e privatistas (supostamente de direita).
É bom que se diga que nem todos aqueles que defendem com unhas e dentes uma previdência estatal são necessariamente anti-privatistas, assim como muita gente que é privatista tem sérias dúvidas se a previdência privada funciona corretamente e se funciona como deveria funcionar.
O argumento da esquerda em defesa da previdência social gerida (e bancada, por que não?) pelo Estado é linear e corriqueira. Sem a mão do Estado (sem o Estado-pai) nada funciona e a maioria dos brasileiros, sem o Estado, não conseguiria terminar sua vida de forma decente e tranquila.
Só não se leva em consideração, neste caso, até quando o Estado e as contribuições previdenciárias mensais conseguirão aguentar aposentadorias e pensões, principalmente levando-se em consideração que a população mais velha cresce dia a dia.
Doutro lado, o argumento é que cada um deve cuidar de si e, principalmente, de seu futuro de aposentado.
O argumento privatista é bastante ruim, posto que homens e mulheres, envelhecidos/as, continuam tendo de comer, de morar, de se vestir e ainda têm em suas vidas dois acréscimos indesejados: as doenças e os remédios que são obrigados a comprar.
A menos que se seja um juiz ou um político aposentado, dificilmente a aposentadoria vai dar conta das necessidades básicas de quem envelheceu e não tem mais condição de estar no mercado de trabalho.
O confronto deverá ser agudo. Os trabalhadores estão suficientemente organizados e bastante conscientes para a batalha. O governo interino de Michel Temer, que ameaça se efetivar a partir do final deste mês, bate martelo na privatização total da previdência, como pode se ver por este texto da Rede Brasil Atual, O que pensa o homem de Temer por trás da reforma da previdência.
Das dicas
Quem quiser conhecer um pouco como funciona a previdência privada, por exemplo, na Grã-Bretanha, a dica é assistir à série inglesa Downton Abbey, com a ótima Maggie Smith, uma aristocrata decadente do início do século passado. A série está disponível na NetFlix.
Downton Abbey mostra uma família aristocrática inglesa, no início do século 20, a partir de 1912, e os impactos causadores de sua decadência pela 1ª guerra mundial, pelo surgimento do nazismo, pela revolução russa de 1917, pela revolução feminista e, ainda, pelo crescimento da influência norte-americana no mundo.
Outras leituras
Livro sobre São Paulo no século XXI contribui para o urbanismo comparativo (Agência Fapesp)
Docentes do Instituto de Física da USP criam canal no YouTube para ensinar conceitos (Agência Fapesp)
‘Supremo sem política é ilusão’ – Para estudiosa, Poder Judiciário é político, não partidário, e tem agido ‘nas omissões’ do Poder Legislativo (O Estado de São Paulo)
Nota
[1] Já que se tocou aqui no assunto “jogos olímpicos do Rio de Janeiro” republico postagem nas redes sociais (sem a foto de Neymar que a acompanha), postagem esta que causou certa comoção em nacionalistas de toda ordem e em detratores do jogador de futebol.
REAÇÕES OLÍMPICAS
Tem muita gente agastada com a saraivada de críticas que o Brasil e o Rio de Janeiro receberam por conta dos jogos olímpicos que se encerram neste domingo.
Claro que houve exageros, tanto nesse caso, como no do mundial de futebol: as obras não iriam ficar prontas, os atletas estrangeiros pegariam um sem-número de doenças por aqui, as mulheres (turistas-torcedoras e atletas internacionais) seriam estupradas, todo mundo seria assaltado e assassinado, por que não(?).
De resto ficou que tudo correu bem para locais e estrangeiros, apenas o Brasil, em ambas as competições, é que se deu relativamente mal.
E a torcida, especialmente nos jogos olímpicos, usou as vaias e as perseguições a estrangeiros para dar vazão a um nacionalismo canhestro e já há um bocado de tempo fora de moda.
As críticas sempre são bem vindas, críticas que venham do exterior e principalmente as nossas próprias.
Não se cresce e não se desenvolve sem autocrítica, principalmente.
Ao contrário do que os puristas do nacionalismo entendem, elas são fundamentais.
Tirando os exageros, que muitas vezes escondiam os atritos políticos, ideológicos e regionais, a crítica/autocrítica é sempre salutar.
A foto que ilustra esta postagem é uma homenagem a Neymar.
Não porque ele seja ou deixe de ser um bom jogador de futebol.
Mas única e exclusivamente porque ele foi escolhido como o bode expiatório das decepções e do desencanto dos brasileiros, não apenas com relação aos jogos olímpicos e a copa do mundo, mas, principalmente, com relação aos rumos que o país tomou nos últimos anos.
Afora as críticas dirigidas ao jogador por adversários (afinal ele iniciou sua carreira no Santos), o que se viu foram críticas injustificadas, por conta de Neymar ter apoiado o candidato oposicionista de então (2014), Aécio Neves.
Isso revela, apenas, uma parte da nossa faceta desumana e da nossa pequenez.
Estamos numa Democracia e uma Democracia tanto garante que eu possa, por exemplo, votar no Lula e na Dilma (como votei todas as vezes), como Neymar apoiar o candidato tucano na eleição de 2014.