Confesso, sem vergonha alguma, que me entusiasmei quando li o título de um texto no Jornal GGN – O PT subestimou o papel das comunicações e facilitou o Golpe, por Alexandre Tambelli.
Como não sou um sujeito de ler apenas títulos fui ao texto e o seu início foi promissor e entusiasmante: “Acredito que possa existir uma autocrítica do PT, se estendendo as [1] esquerdas aliadas ao PT, [2] no Governo Federal por 13 anos…”.
Sou há milênios, qual seja, desde o nascedouro do partido, um ferrenho crítico da(s) comunicação(ões) do PT, ideia estendida aos 13 anos e alguns meses de petismo no governo federal.
Partido inicialmente avesso aos embates ideológicos e preso à militância da peonada [3], acrescida de professores e jovens estudantes universitários e de barnabés [4], o PT se esforçou como ninguém para alastrar-se por outros grupos sociais e outras regiões, como, por exemplo, para as média e baixa classe média, o pequeno empresariado e pelos rincões pobres e de baixa escolaridade brasileiros (rincões estes, diga-se, responsáveis pela derrocada de Lula para os fernandos, o Collor e o Henrique).
Os esforços pelo espraiamento do partido custaram as cabeças de militantes e de políticos mais à esquerda [5] e deram origem a um discurso salvacionista que misturava um tico de populismo e um bocado de messianismo, espelhados na lendária figura de Luiz Inácio Lula da Silva.
A submissão de Lula e Dilma (presidentes) ao capital rentista, a avidez por um desenvolvimentismo custe o que custar, o conluio com a corrupção e o desprezo por políticas públicas que beneficiassem, também, aquela larga camada da população mais desassistida (índios, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas etc.) poderiam desembocar, mais cedo ou mais tarde, em reações que desalojariam o petismo do Palácio do Planalto.
Dito e feito!
Mudasse ou não seus comportamentos, o que se esperava do partido e, principalmente, de quem estava fisicamente no poder era uma modulação melhor na comunicação, o que implicaria, necessariamente, em transparência sobre o que se fazia nas entranhas do poder e, principalmente, na tal da autocrítica.
Se era isso, a autocrítica, que se esperava ver no texto acima citado, ela não apareceu. Pelo contrário: trata-se de uma repetição enfadonha de tudo o que o partido e seus seguidores sempre falaram, desde o início da crise, e continuam falando:
– direita brasileira representante da elite local;
– nossa elite não tem a dimensão que o país merece;
– apenas um apêndice do imperialismo norte-americano/europeu ocidental;
– difícil imaginar um país das dimensões territoriais e com todas as riquezas naturais e recursos naturais em abundância como o Brasil não querer ser dono do seu próprio destino;
– é tudo muito sem noção e sem nenhum apreço pelos interesses nacionais coletivos;
– ações concretas do Estado melhorando a qualidade de vida e a renda da população, com inclusão e ascensão social de quase toda a população brasileira;
– interesses privados de 5 ou 6 bilionários brasileiros, elites em posição de subserviência ou participação direta nos interesses do capitalismo monopolista e transnacional;
– interesses dos Estados Unidos parecem ser uma obsessão de boa parte da elite brasileira;
– parlamentares comprados a peso de ouro, via financiamento privado de campanha;
– corrupção como resultado único dos governos petistas;
– narrativa midiática e oligopólica.
Bem… para-se por aqui nos destaques e nos realces, pois a repetição dos mesmismos [6] é enfadonha e o texto (original) está povoado deles.
Não se vai abaixo reproduzir o texto original na íntegra por duas razões:
1) ele é bastante longo e iria alongar em demasia esta postagem;
2) o texto possui inúmeros erros, quer sejam gramaticais, quer sejam de grafia, agravados os erros pela imprecisão de algumas informações; e tudo isso demandaria um enorme esforço de correção ou de edição de algumas dezenas de notas.
Quem desejar, portanto, ler o texto original, basta clicar no link acima.
[1] Deveria ser às e não as (esquerdas).
[2] Neste caso, ambas as vírgulas são dispensáveis.
[3] Peonada (de peão) – no caso, trabalhadores da indústria; também se refere, em outro contexto, a trabalhador em fazendas, aquele que cuida do gado.
[4] Barnabé – forma antiga e pejorativa de identificar funcionários públicos.
[5] No caso, por exemplo, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).
[6] Mesmismo – neologismo do autor de afalaire; repetição, a mesma coisa.