
Como profissional (jornalista e editor) atuo há anos em dois segmentos que mostram certa dificuldade em lidar com a mídia em geral (principalmente a chamada mídia de massa): as organizações sociais de direitos humanos e a ciência & tecnologia.
Tenho para mim que as razões são facilmente identificáveis:
– ativistas de direitos humanos costumam ver a mídia de massa como inimiga, disposta a escandalizar qualquer informação e ser preconceituosa com as camadas mais vulneráveis da população;
– cientistas, pesquisadores e professores guardam uma certa arrogância ao entender que os profissionais de imprensa não têm preparo suficiente para tratar de determinados assuntos, assim como incapacitado está o público para receber e entender a informação científica.
Já gastei boa parte de meu tempo para buscar convencer (sem sucesso) ativistas de DH e cientistas a reavaliar essa postura tão tacanha e antidemocrática, no sentido de, a partir deles mesmos, ocupar um espaço junto à mídia; vencer as barreiras do preconceito; educar profissionais de comunicação e o público em geral e democratizar informações que tanto ativistas quanto cientistas julgam oportunas e necessárias.
Sempre me pareceu que ativistas e cientistas vivam em mundo próprio, numa espécie de universo paralelo; apartados da população, gerando e consumindo as suas próprias informações e conhecimentos sem que o mundo dê ou possa dar conta de que existam.
Atitudes como essas podem ser uma forma de defesa, mas, como se disse acima, antidemocrática e incompreensível.
É bom notar, no entanto, que tanto o ativismo de DH, quanto a ciência têm seus veículos próprios de informação/comunicação, mas que, apesar dos esforços, não mostram fôlego para ir mais além que de seus próprios universos.
O domínio da informação gratuita e universal continua sendo das mídias de massa (ou populares).
Das esquerdas
Quem caiu na mesma armadilha (se é que algum dia esteve fora dela) foram as esquerdas, que têm a mídia de massa como um inimigo (portanto mais do que um adversário) que deve ser não apenas contestado, mas até mesmo combatido e atacado (muitas vezes fisicamente).
Assim como nos casos dos DH e da ciência, as esquerdas igualmente possuem seus próprios veículos de comunicação/informação.
Veículos de abrangência pequena e de reduzida capacidade de massificação, e que, como acontece com os dois segmentos anteriormente citados, vivem em um mundo paralelo, apartado da maioria da população e, portanto, são antidemocráticos.
Mesmo mídias como as cartas (Capital e Maior), o site do Luiz Nassiff, entre outros tantos, que são tecnicamente bem feitos e abrigam profissionais e colaboradores de capacidade técnica incontestável, não conseguem sair do casulo e aumentar suas audiências, porque, a rigor, falam uma linguagem estranha à população e muitas vezes conflitante com aquilo que o povo vê e sente em seu dia-a-dia.
Não se entenda, que não é esse o caso, que se esteja, a título de comparação, dizendo que a mídia de massa é melhor, mais ética, mais profissional que as demais citadas.
A mídia de massa possui enormes defeitos e comete, diariamente, um sem-número de equívocos naquilo que divulga e publica.
Com erros e acertos, no entanto, ela consegue “falar melhor” e de maneira mais clara com a população.
Das medições
Como se pode ver em texto publicado pelo Observatório da Imprensa, a chamada “grande mídia” tem a supremacia entre aqueles que acompanham as notícias pelas redes sociais ou a elas comentam (veja também a ilustração acima).
“Com, 3,95% de média, o Estadão reconquistou o topo da taxa de engajamento nas redes sociais medida pelo Torabit em agosto, mês das Olimpíadas. Zero Hora, com 3,13%, ficou em segundo lugar. A Folha assumiu o terceiro posto com 2,94%”, informa o OI.
“No ranking de fãs e seguidores, o R7 segue longe na frente no Facebook, com 12,3 milhões de fãs. Veja é a primeira no Twitter com 7,2 milhões de seguidores. E o R7 também é o primeiro no Instagram com 1,5 milhão de seguidores.”
Ou seja, alguma coisa não funciona no mundo paralelo montado pelas esquerdas (e também pelos militantes de DH e cientistas).
Provavelmente alguém esteja equivocado nesta história.
Mas não creio que seja a população que consome informação.
Leia
Estadão volta ao topo na taxa de engajamento nas redes sociais (Observatório da imprensa)