Na penúltima década do século passado era comum ouvir-se pelas ruas que na virada do milênio a maioria dos brasileiros seria “protestante” e que a floresta amazônica não mais existiria.
Década ou duas décadas antes também era possível ouvir pelas ruas do Brasil (este país que se diz não ser nada racista [sic]) que os “negros” seriam maioria absoluta nesta Grande Terra de Tupã.
A terceira hipótese soava como assustadora num pais de domínio, nos negócios e na política, de gente branca, ou que se diz e se quer branca.
A primeira incomodava católicos (majoritários até hoje), liberais em geral (como se não houvesse liberais entre os “protestantes”) e ateus e agnósticos.
A segunda sempre interessou a poucos. Afinal, a Amazônia fica nos confins do mundo, cheia de mato, de bicho bravo e índios arredios. Quem se importa com eles todos?
Olhando com pouca atenção, pode-se dizer, sem culpa, que esses medos todos vêm de nossa condição subalterna no mundo, coisa da mistura de raças (sic), herança de grupos étnicos não produtores e não usuários de tecnologia avançada, tecnologia esta, óbvio, produzida pela elite branca europeia e por extensão a norte-americana.
Essa antevisão catastrófica se estenderia, por óbvio, para países similares, como os latino-americanos.
Das evoluções
Pode-se, no entanto, entender isso tudo como uma meia-verdade.
Basta olharmos para obras da literatura inglesa futurística, como 1984 e o Grande Irmão; ou para o cinema-catástrofe norte-americano, japonês e europeu; ou para aqueles cientistas que garantem o fim da humanidade antes da chegada do ano 3 mil ou para o físico britânico que sugere que nós caíamos fora da Terra antes que seja tarde.
Há até quem preveja, em nosso lugar, uma nova raça humanoide, formada a partir de nosso atual corpo, mas acoplados nele chips, memórias artificiais, membros mecânicos e anabolizado por drogas sintéticas.
A evolução nos empurrou para o atual estágio há 300 mil anos, o que acarretou na morte de nossos “priminhos” de mesma linhagem.
Talvez sejamos todos filhos de Caim e o Antigo Testamento esteja correto.
A tradição Varnashrama (que conhecemos como Hinduísmo) nos empurra para uma outra lógica que foge à ideia de extinção do universo; qual seja, o universo evolui constante e implacavelmente até o seu esgotamento final, seguido de uma contração (involução/retrocesso) até os seus primórdios para daí dar-se o início a uma nova construção-evolução, assim infinitamente.
A lógica dos vedas foi, de uma forma ou de outra, apropriada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) – “o eterno retorno” –, e pelos teóricos do Big Bang – “a grande expansão”.
Dos vazios
Sem quem tenha estudado uma linha sequer de física e de religião, um amigo de infância, morto prematuramente aos 53 anos, não entendia a lógica da eternidade sem um começo.
Para ele, ou era uma coisa ou era outra: a eternidade pressupõe um não começo ou tudo que tem um começo terá necessariamente um fim.
Um filósofo espontâneo e casual que faleceu de causas conhecidas: o uso excessivo de álcool.
Espero encontrá-lo em outro momento, mas sem que tenhamos nos esquecido de sua sabedoria hinduísta, embora ele nunca tenha ouvido falar de Hinduísmo.