
Dia desses (não lhe guardei o nome) um desses intelectuaus (sic), acho que de Pernambuco, veio a texto mais uma vez para falar dos malefícios da paulistanice para o desenvolvimento (sic) brasileiro.
Vi o texto em dois blogs de esquerda (sic), do Nassif e do Azenha. Não guardei maiores resíduos da arenga, a não ser a sua essência tal qual vai abaixo.
Antes de prosseguir, é justo explicar o intelectuau acima.
Usei isso num confronto com um amigo há tempos e é uma óbvia referência ao nosso fiel amigo, o cão.
Há milênio defendo que intelectual é aquele sujeito que usa o seu intelecto para, pelo menos, pensar. Quem só faz citações acríticas de outros e repete jargões e palavras de ordem apenas late tal qual um cachorro: “au, au, au”.
Após navegar pelas velhas águas do bandeirantismo e pela suposta resistência ao fim da escravidão (suposta porque, se realmente houve resistência ao final da escravidão, mas não só em SP, há que se lembrar de que aquela região onde hoje está o município de Araras foi a primeira a abolir a escravidão, bem antes da Lei Aurea) o escriba aventurou-se pela revolução de 32, entrou pelo apoio de parte do empresariado paulista (sic) ao golpe militar de 64, para, claro, desembocar na avenida Paulista e nos “coxinhas” que derrubaram Dilma Rousseff do Palácio do Planalto.
Claro que sua arenga é fragmentada, posto ter o escriba pulado os movimentos anarco-sindicalistas de SP, a Semana de Arte Moderna, a criação da USP, da Fapesp e da Unicamp, o crescimento do mercado de trabalho, os movimentos sindicalistas do ABDC paulista, o surgimento do PT e etc. etc. etc. e tal.
Das cegueiras
A cegueira seletiva desse tipo de gente não é fruto de alguma alteração na retina ou da vista cansada. É um bocado de ódio e de despeito misturados a uma visão obtusa da vida, qual seja, do mundo real.
Quem já foi aos EUA (não apenas para comprar bugigangas nos free shop e tirar selfie em Miami) já deve ter percebido que cada recanto do país é recoberto por algum negocinho que gera empregos e rendas para as pessoas e dá origem e consistência à classe média, esse sustentáculo de qualquer país capitalista que se preze.
Se eu sou um entusiasta da classe média e do Capitalismo?
Nem um pouco!
É a eles que devemos suplantar e vencer para que possamos criar uma sociedade mais justa e harmônica.
A questão é que o mundo capitalista (a ser necessariamente suplantado e vencido) funciona assim, gostemos ou não dessa história.
E se não me falham a memória e as anotações, o Brasil é (na sua versão mais sinistra) um país Capitalista.
Das viagens
Décadas longe das estradas, usufruindo apenas das mordomias da aviação, há coisa de 15 anos arrisquei uma viagem de ônibus de São Paulo a Brasília.
Levei um baita susto: aquela paisagem roceira, repleta de vacas e cana-de-açúcar, praticamente havia desaparecido, dando lugar a motéis, bares e restaurantes; pequenas e grandes fábricas.
Era o capitalismo chegado, “a força da grana que ergue e destrói coisas belas” (CV).
Há uma estrada (estadual) que margeia o rio Tietê, no trecho que vai de Pirapora do Bom Jesus até pelas alturas de Salto, repleta, já desde aquela época, de pequenos empreendimentos, parques temáticos, bares e restaurantes.
Pequenos e médios (alguns mais ou menos grandes) negócios igualmente gerando renda e empregos.
É o Liberalismo (econômico) que afaga as mentes paulistas, meu caro intelectuau.
Essa gente tenta tocar as suas vidinhas, ditas produtivas, a seu bel prazer, à revelia e ao largo de um Estado-paizão grudado em seus calcanhares.
Chamar essa gente de reacionária e de conservadora é um pouco de insensatez e essa ilusão de ótica talvez seja resolvida por uma simplesmente consulta a um bom dicionário.
Leia também
Disputa será da direita com a extrema direita, afirma Haddad