Sofri um infarto no dia 11 de dezembro – portanto há pouco menos de três meses.
O troço, pelo que soube, foi grave. Perdi 50% da “capacidade” do coração e segundo os médicos o infarto afetou suas “áreas nobres”.
Não sei ao certo o que é isso, mas parece que é grave pra danar.
Nos primeiros dias de UTI, ninguém dava – como se dizia antigamente – um tostão furado pela minha vida.
No quarto dia sofri uma taquicardia brutal. Resisti graças aos médicos do hospital público de Santa Maria e aos remédios, óbvio.
Aliás, fui muito bem atendido nos quatorze dias de UTI no Santa Maria, o que, em parte, destrói o mito segundo o qual hospital público não funciona.
A cirurgia para desobstrução da artéria e a colocação dos stend foi feita no Santa Lucia, particular.
Como não havia dinheiro para aqüentar a barra da internação, fui para o Santa Maria, graça a minha filha Pacira. Mas as outras, Maíra e Mariana, participaram ativamente do processo.
De qualquer forma, os médicos da Santa Lucia salvaram minha vida.
Das recordação
O infarto começou, a rigor, na manhã do dia 10, quando fui ao supermercado.
Não percebi que havia começado e as pessoas não entendem como resisti praticamente 24 horas enfartando.
Trazendo a história um pouco mais para traz, fui ao médico, no mesmo Santa Lucia, 15 dias antes, com um taquicardia mais leve e bastante sudorese.
Seria já o inicio do infarto? Talvez. Não sou médico e não tenho como avaliar.
A médica que me atendeu não viu assim e me liberou 6 ou 7 horas depois, devidamente medicado.
Há quem entenda que eu devesse processá-lo – médica e hospital -, mas não concordo. Todos os exames foram realizados e se houvesse algum indicativo de infarto obviamente eles saberiam.
Voltando mais
Fui fumante dos 13 anos até a data do ocorrido – é verdade que com alguma interrupção, mas foi tempos demais fumando – e muito.
Usei um pouco de droga e bebi um bocado.
Tudo isso conta, especialmente o cigarro.
Sempre fui um sujeito tenso, irritado, de poucos sorrisos.
Isso também conta – e muito.
Mas é preciso retroceder mais ainda.
Fui um sujeito especializado em matar aulas, que trocava por futebol, futebol de salão, handebol, voleibol e basquetebol.
Dificilmente terminava uma partida.
Sem entender direito, era um garoto ignorante, sofria com uma taquicardia danada, que me tirava o fôlego.
Tinha uma arritmia cardíaca que só fui saber com mais de 20.
Não tratei dela como deveria e como os médicos recomendaram.
Grosso modo, como disseram todos os médicos pós-infarto, até que resisti muito, para quem fumou um bocado, nunca tratou da arritmia e tem 67 anos.
E agora?
Bem, não sei ao certo o que vai ocorrer comigo.
Tenho pelo menos alguns muito meses pra me recuperar, sempre correndo o risco de ter um novo infarto.
Se passar por esta fase, que parece ser longa, também não sei ao certo o que vai ocorrer.
Quem sabe eu recupere 80 % (como os médicos disseram ser possível) da capacidade do coração?
Já me disseram ser possível até 100%, o que duvido, pois há uma lesão bastante séria por aqui.
Caminheiro
De qualquer forma, já estou caminhando 3 a 4 quilômetros e com alguma velocidade.
Já subo algumas ladeira e alguns degraus.
Os médicos brincam (falando sério) que quando o paciente conseguir subir dois lances de escada já estará liberado à fisioterapia e ao sexo.
OBA!
Já havia decidido, bem antes do infarto, não fazer mais absolutamente nada.
Já fiz coisas demais na minha vida.
Agora só quero vadiar e vagabundear.
Viver com o mínimo possível.
Vou viver de maneira minimalista em algum canto de praia.
Não sei se vai dar tempo.
Mas se der, é isso mesmo que pretendo fazer.
Marcio Tadeu dos Santos, nascido em 28 de outubro de 1949 e, segundo os médicos, renascido em 10/11 de dezembro de 2016.
Parabéns pela recuperação!
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Caramba, escapou de uma das maiores causas de morte masculina, meus parabéns porque realmente soa como um milagre. Agora é tomar cuidado e torcer para que se recupere bem.
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