PT e PSDB juntos e misturados – assim falou André Singer

Lula e Geraldo
Sempre juntos e misturadas

A saída está com o PT e o Lula, mas aceita-se o PSDB, mesmo que o tucano seja Geraldo Alckmin.

O Lula, se for, não vai alterar em nada do que Michel Temer está fazendo, até porque não pode e não quer.

Alckmin, se for ele, ou mesmo que seja outro tucano, nem pensa nisso.

Também, no fundo, no fundo Lula e Temer estão juntos e misturados.

A questão, entre Lula e Alckmin, é de concepção de Estado (o que fazer esse mondrongo).

Lula vai navegar  pelo populismo social, tipo o Bolsa ou as pajelanças inviáveis dos cursos universitários.

Alckmin é mais duro e acredita que cada um tem de se virar sozinho e com suas próprias forças.

É discutível isso, pois nem todos fazem essa força toda, especialmente os empresários.

Mas, de qualquer forma, é uma (Lula) ou outra (Alckmin) opção.

Ou caos tipo Jair Bolsonaro. Hitler veio te visitar.

Cenário de 2018 só estabiliza com Lula

[Parte da semana foi consumida pelo debate a respeito do que provocou a violenta retração de 2016, divulgada terça (7) pelo IBGE: -3,6% do PIB. Como a queda de 2015 havia sido -3,8% configurou-se recessão maior do que as ocorridas no início dos anos 1980 e 1990.

Não obstante o alto interesse da discussão sobre as causas da tragédia, o leite foi derramado e é preciso ver o que vem adiante. O governo Temer deverá transitar até o fim entre ameaças de cassação, reformas regressivas mais ou menos duras e impopularidade. E depois?

O sistema político está se organizando para providenciar absolvição branca aos líderes dos partidos tradicionais. Esse é o sentido da frase de Aécio, quarta-feira (8), sobre a necessidade de “salvar a política”. Vai ser difícil promulgar tal anistia e deixar Lula de fora e, é claro, Alckmin seria anistiado também, saindo à frente de outros tucanos pela força da vitória que obteve em 2016.

Independentemente de considerações judiciais, que pertencem a uma esfera não diretamente política, o cenário estabilizador seria aquele em que Lula pudesse ser candidato. Não porque represente uma alternativa radical ao que está aí, mas porque significaria uma variante popular para o pós-crise.

Lula terá que empunhar a bandeira óbvia da retomada do crescimento, que, aliás, provavelmente já estará em curso. Não creio que se proponha a revogar o que tiver sido aprovado por Temer. A diferença entre a sua candidatura e a do PSDB —hoje provavelmente representada por Alckmin— seria relativa ao papel do Estado e dos programas sociais na aceleração de um crescimento bem baixo. Embora em visível ascensão, o nome de Bolsonaro não parece vocacionado a estar rapidamente entre os maiores.

No segundo cenário, o Partido da Justiça (PJ), a mídia, os capitalistas e a classe média recusam-se a “salvar a política” em nome de serem fieis à narrativa de que é preciso ir até o fim no combate à corrupção. Nesse caso, o PJ teria que disponibilizar um quadro para concorrer, pois os partidos tradicionais estarão aniquilados. Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Carmen Lúcia, Ayres Britto?

Como falta ao PJ um programa abrangente para os problemas brasileiros, se chegar à Presidência, vai prolongar a instabilidade. Combater a corrupção não é suficiente para responder aos desafios brasileiros. Um terceiro cenário em que se condenam todos, salvando-se apenas o PSDB, tampouco estabiliza o quadro. Sem um partido popular competitivo, as instituições brasileiras ficam mancas.

Os que almejam mudanças progressistas profundas precisarão mirar e trabalhar para o futuro. Não vejo, a não ser por fatores inesperados, possibilidades no curto prazo.]
Por André Singer, na Folha de São Paulo. Via Jornal GGN.

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