Sinceramente não vi nada de mais na capa da revista Veja e na propaganda das lojas Marisa que usam a figura da esposa do ex-presidente Lula, a senhora Marisa Letícia, a primeira para vender revista e a segunda para vender confecções e coisa do gênero.
No caso do magazine, algumas pessoas alardearam que a reação nas redes sociais foi farta, assim como fora farta a ida à frente da loja (de algumas pessoas, dizem) para os devidos protestos.
Não vi nenhuma dessas duas coisas. A repercussão nas redes foi pífia e a ida em frente da(s) loja(s) reuniu, quando muito, meia dúzia de pessoas.
No caso da revista a reação foi maior, com muita gente condenando a publicação e a taxando de extremo mau gosto.
Mau gosto é um conceito bastante discutível.
Assim como a verdade e a realidade (coisas mais importantes que um simples gosto) o mau gosto muda assim que se muda de calçada.
Tudo é relativo.
A rigor a Veja poderia evitar esse tipo de confronto e de exploração oportunista, até para não acirrar ânimos já bastante acirrados.
Que o ex-presidente Lula mentiu e, pelo menos indiscretamente, jogou o enrosco do tríplex do Guarujá na conta de sua ex-esposa, disso todos nós sabemos, mas Veja não precisava conturbar ainda mais um ambiente já conturbado.
Em defesa da revista diga-se que ela está exercendo o seu sagrado direito à liberdade de expressão.
Quem não gosta de liberdade, de liberdade de pensamento, de livre iniciativa, de liberdade de expressão deveria mudar-me ou botar-se daqui para fora – há muitos lugares para se viver pelo mundo.
Mas, pelo menos, tenham consciência de que esse é um caminho sem retorno, inclusive buscado por muito que hoje criticam a liberalidade de Veja.
Já a loja se valeu de um bem humorado mote que o próprio Lula deu, transferindo a responsabilidade pelo tríplex apenas para dona Marisa, como se fosse ele, o ex-presidente, um desavisado, um alienado que nada sabia, que não conhecia nada.
É muita inocência que alguém possa acreditar em tanta inocência assim.
De qualquer forma valeu-se a loja da lógica da democracia, da liberdade de expressão, ou melhor dizendo, de se expressar livremente.
Estamos numa democracia, portanto, e mais do que isso, num regime capitalista aonde essas histórias de liberdade são um bocado comuns.
Nisso tudo resta apenas que o vitimismo anda à solta por este país, o que é sempre um péssimo negócio: o chororô militante é ensurdecedor e a cada dia fica mais chato.