[Conhecimento[1] espiritual resulta da total atenção: “Buscai em primeiro lugar seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6, 33) Conhecimento espiritual é uma maneira de percepção que surge a partir de um centro de consciência claro e alerta: “Tranquilizai-vos e reconhecei que Eu sou Deus.” (Sl 46, 11) Ele surge da quietude, muito mais do que da simples atividade intelectual, e sua marca é a das qualidades contemplativas do silêncio, da quietude e da simplicidade.
Conhecimento espiritual não é o mesmo que crença religiosa. A crença religiosa sem o conhecimento espiritual pode se tornar muito vazia e oca. Conhecimento espiritual resulta da total atenção que podemos descrever como “uma condição de simplicidade completa que custa não menos do que tudo” tal como Madre Juliana costumava descrevê-la. Ora, se algo nos custa tudo, o que é que nos resta? Nada. Nas duas parábolas em que Jesus descreve o Reino dos Céus (o tesouro enterrado no campo e a pérola de grande valor) a pessoa vende tudo, tudo, para comprar a pérola ou o tesouro. Ali está essa relação direta que existe entre nada ter e tudo ter, entre a pobreza de espírito, a primeira das bem-aventuranças, e o Reino de Deus.
É por isso que abandonamos tudo. E, é por isso que, em todas as grandes tradições, termos tais como o nada, a vacuidade, a pobreza, descrevem aquilo que encontramos na jornada. Nada! Nada! Nada! diz São João da Cruz; ou Cassiano: “Por meio da repetição contínua desse único verso, renunciamos a todas as riquezas do pensamento e da imaginação, e chegamos com pronta facilidade à primeira das bem-aventuranças, a pobreza de espírito”. Assim, a nossa meditação vibra em uníssono com a sabedoria mística do conhecimento espiritual.]
(Leitura de Domingo, 21 Maio 2017 / Laurence Freeman, OSB. Extraído da série MEDITATIO 2015A Jan-Mar “Health and Wholeness”).
Dica
Medite por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração “Maranatha”. Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.
[1] Original em inglês.
An excerpt from Laurence Freeman OSB, “Health and Wholeness” from the Meditatio Talks Series 2015A Jan-Mar, pp. 27-28, at wccm.org.
Spiritual knowledge is the result of total attention: ‘Set your mind on God’s kingdom before everything else and all the rest will come to you as well.’(Mt 6:33) Spiritual knowledge is a way of perception that arises from a clear and awakened center of consciousness: ‘Be still and know that I am God.’ (Ps 46:10) It arises from stillness rather than just from intellectual activity, and it is marked by the contemplative qualities of silence, stillness and simplicity.
Spiritual knowledge is not the same as religious belief. Religious belief without spiritual knowledge can be very empty and hollow. Spiritual knowledge is the result of total attention which we could describe as ‘a condition of complete simplicity costing not less than everything’ as Mother Julian described it. If something costs everything, what are we left with? Nothing. In the two parables Jesus uses to describe the kingdom of Heaven – the treasure buried in the field, the pearl of great price –the person sells everything, everything, to buy the pearl or the treasure. There is this direct relationship between having nothing and having everything, between poverty of spirit, the first of the Beatitudes, and the kingdom of God.
That’s why we let go of everything. And that’s why in all the great mystical traditions, terms like nothingness, emptiness, poverty, describe what we encounter on the journey. ‘Nada! Nada! Nada!’ says St John of the Cross; or Cassian: ‘By the continuous repetition of this single verse, you renounce all the riches of thought and imagination, and come with ready ease to the first of the Beatitudes, poverty of spirit.’ So our meditation is on this wavelength of mystical wisdom, of spiritual knowledge.
