
Há momentos estive num bar. Flagrei a conversa de uma senhora (diga-se, pelas vestimentas e pelo local que frequentava, pobre) – ela conversava com outra senhora também de aparência pobre, mas mais nova.
A mais velha disparou que “nesse aí eu não voto de jeito nenhum. Nunca votei nele”.
A senhora mais velha estava se referindo a Luiz Inácio Lula da Silva que aparecia (por qualquer razão) na tela da tevê.
A mais jovem concordou parcialmente.
A mais velha disparou que só “voto naquele que fez o real” (ela se confundiu um pouco, mas estava falando de FHC).
A mais nova concordou também parcialmente enquanto a mais velha dizia que “eles (Lula e família) estavam agora dormindo tranquilos”.
Ela não estava dizendo que Lula e família dormiam “o sono dos justos” à noite, mas durante o dia, enquanto o povo estava numa pindaíba danada – não eram 3 horas (15 horas) da tarde ainda.
A senhora mais nova tentou tomar as rédeas da conversa, dizendo que “ele (FHC) está muito doente e não pode se candidatar”.
A mais velha reagiu dizendo, então, que “ele (FHC) que colocasse a mulher dele no lugar ou um de seus filhos”.
Duvido que ela saiba que Ruth Cardoso morreu e FHC tem nova mulher (Patrícia Kundrát) e quantos filhos/as o ex-presidente tem (três).
A conversa deve ter terminado do ali (suponho que terminou) pois elas pediram a conta do bar e saíram.
O vencedor
Após Fernando Collor de Mello bater Lula de virada na primeira eleição presidencial direta depois regime militar, Lula teve de amargar duas derrotas para FHC em primeiro turno nas duas eleições seguintes.
Há uma miríade de explicações do por que FHC venceu Lula com tanta facilidade nos dois pleitos, explicações de vão desde a paternidade do Plano Cruzado passando por ser um “cara bonito” até pela sua condição de intelectual e de professor da Universidade de São Paulo.
Seja o que for e mesmo que sejam todas as variantes, parece que o único candidato a ter forças para derrotar o “sapo barbudo” seria FHC.
Ocorre que, ao contrário de Lula, FHC não dá mostras de querer voltar a disputar a presidência da república, mesmo que alguém choramingue nos seus ombros para que volte.
Talvez isso seja, realmente, republicanismo, e não aquilo que anda se dizendo por aí, entre gente que não “quer largar o osso nem a pau”.
Leia também
Lula chama Luxemburgo e ex-presidentes franceses como testemunhas de defesa