
Quando eu era criança, com menos de 10 anos, acreditava que existia um mundo apenas meu, uma espécie de universo particular, onde as coisas giravam apenas à minha volta: os acontecimentos passados, presentes e futuros; bem como as pessoas que eu já conhecia e aquelas que iria conhecer no futuro.
Mas achava, também, que existiam outros mundos, outros universos (paralelos) onde todas as outras pessoas, individualmente, viviam sem contato umas com as outras.
E da mesma forma como acontecia comigo as coisas giravam apenas às suas voltas, assim como os acontecimentos passados, presentes e futuros e as pessoas que elas já conheciam ou que viessem a conhecer no futuro.
Talvez fosse isso uma espécie de ceticismo, uma descrença generalizada na deidade, ou, o que é muito provável, uma perplexidade frente à finitude da vida.
Mas é provável que eu não estivesse tão equivocado assim e, por isso, a guisa de ilustração, me socorro das definições de um verbete da Wikipédia sobre a física quântica que acabou por dar um imenso nó na cabeça de todos nós e colocou algumas teorias ladeira abaixo, como as de Darwin [1] e de Descartes [2]:
[“A palavra “quântica” (do Latim quantum) quer dizer quantidade. Na mecânica quântica, esta palavra refere-se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como a energia de um elétron contido num átomo em repouso. A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados quanta) conduziu ao ramo da ciência que lida com sistemas moleculares, atômicos e subatômicos. Este ramo da ciência é atualmente conhecido como mecânica quântica.
“A mecânica quântica é a base teórica e experimental de vários campos da Física e da Química, incluindo a física da matéria condensada, física do estado sólido, física atômica, física molecular, química computacional, química quântica, física de partículas, e física nuclear. Os alicerces da mecânica quântica foram estabelecidos durante a primeira metade do século XX por Albert Einstein, Werner Heisenberg, Max Planck, Louis de Broglie, Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Max Born, John von Neumann, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, Richard Feynman e outros. Alguns aspectos fundamentais da contribuição desses autores ainda são alvo de investigação.
Normalmente é necessário utilizar a mecânica quântica para compreender o comportamento de sistemas em escala atômica ou molecular. Por exemplo, se a mecânica clássica governasse o funcionamento de um átomo, o modelo planetário do átomo – proposto pela primeira vez por Rutherford – seria um modelo completamente instável. Segundo a teoria eletromagnética clássica, toda a carga elétrica acelerada emite radiação. Por outro lado, o processo de emissão de radiação consome a energia da partícula. Dessa forma, o elétron, enquanto caminha na sua órbita, perderia energia continuamente até colapsar contra o núcleo positivo!”.]
Trocando em miúdos, o que vale para escalas acima do átomo, não vale para o que está aquém dos átomos, ou seja, as leis da física não se aplicam indistintamente para os dois casos (físicos, me permitam essa figura de linguagem), muito pelo contrário.
A rigor Sócrates, estava com a razão: “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”.
Sócrates, no entanto, nunca esteve sozinho. Um dos conceito essenciais do budismo (zen-budismo) é a impermanência: “Anicca (traduzido do páli, “impermanência”. Lê-se /anit-txá/.[1]) é um dos conceitos essenciais para a descrição do universo segundo o budismo (junto com dukkha e anatta, compõe as três marcas da existência). Diz respeito à constante mutação de todas as coisas que compõe o universo. Compreender a impermanência é de extrema importância dentro do contexto budista. Assim como as quatro nobres verdades são reconhecidas por todas as escolas budistas, a impermanência é um ensinamento presente em todas as linhagens”.
Ou seja, nada é. Tudo está em permanente mutação, tudo é impermanente, portanto não podemos afirmar coisa alguma (“Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”) pois nem mesmo sabemos se estamos aqui, agora, ou se isso tudo não passa de uma projeção (matrix) de alguma coisa que nem imaginamos saber que exista.
Algumas leituras
O conceito de impermanência no Budismo e na psicanálise
Os benefícios da Meditação sobre a Impermanência
As contribuições de Einstein para a Mecânica Quântica | GGN
Einstein e a teoria de caos quântico – SciELO
Alguns vídeos
Tao Te Ching – animação completa
A mecânica quântica através de exemplos simples
Notas
[1] O princípio da evolução postula que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram criadas independentemente, mas descendem umas das outras, ou seja, estão ligadas por laços evolutivos. Esta transformação, denominada evolução das espécies, foi apresentada e explicada satisfatoriamente por Charles Darwin, no seu tratado A origem das espécies, em 1859.
A base da evolução biológica é a existência da variedade, ou seja, as diferenças individuais entre os organismos de uma mesma espécie. Na grande maioria das vezes, os indivíduos produzem uma grande quantidade de descendentes, dos quais apenas uma parte sobrevive até a fase adulta. Assim, por exemplo, a cada ano, o salmão põe milhares de ovos, uma ave produz vários filhotes,. No entanto, as populações das espécies em um ecossistema em equilíbrio não crescem indiscriminadamente. Isto significa que os indivíduos são selecionados na natureza, de acordo com suas características. Frequentemente menos de 10 % da prole sobrevive. Os indivíduos que apresentarem características vantajosas para a sua sobrevivência, como por exemplo, maior capacidade de conseguir alimento, maior eficiência reprodutiva, maior agilidade na fuga de predadores, têm maior chance de sobreviver até a idade reprodutiva, na qual irá passar estas características individuais vantajosas à prole. Isto ocorre porque todas as características estão imprensas nos genes do indivíduo. Este é o princípio da seleção natural de Darwin.
Darwin mostrou que a seleção natural tende a modificar as características dos indivíduos ao longo das gerações, podendo gerar o aparecimento de novas espécies.
https://www.algosobre.com.br/biologia/evolucao-das-especies-e-selecao-natural.html
[2] O cartesianismo foi um movimento intelectual suscitado pelo pensamento filosófico de René Descartes (Cartesius) durante os séculos XVII e XVIII. Descartes é comumente considerado como o primeiro pensador a enfatizar o uso da razão para desenvolver as ciências naturais.[1]Para ele, a filosofia era um sistema de pensamento que encarna todo o conhecimento. Para os cartesianos, a mente está totalmente separada do corpo físico. A sensação e percepção da realidade são pensados como fontes de mentiras e ilusões, com as únicas verdades confiáveis para se ter na existência de uma mente centrada na metafísica. Tal mente pode eventualmente interagir com um corpo físico, contudo isso não existe no plano físico do corpo.[2][3] O termo “cartesianismo” é utilizado para designar coisas aparentadas, mas distintas…