
Por favor, nenhuma analogia com a jararaca do Lula ou suas estripulias para se safar da prisão, pois hoje é Dia do Trabalho e Lula permanece encarcerado em Curitiba, de onde, parece, não sairá tão cedo, embora eu, particularmente, ache isso uma injustiça.
Não por “tudo que Lula fez pelo Brasil e pelos pobres”, como dizem os petistas, especialmente os fanáticos, que aparentam cada vez mais insanidade, o que é seguramente um perigo porque é tênue a linha que separa a vida da morte, mas sim porque não gosto nada, nada da justiça e muito menos do Estado, que acho uma desnecessidade.
A história da vaca voadora me foi contada no século passado por uma educadora bastante jovem, bastante competente e bastante bonita.
Ao pedir aos seus petizes (será que eu teria de falar petizos e petizas?) que identificassem uma caraterística dos animais que ela ia citando, tudo corria normalmente: o gato – MIA, o cachorro – LATE, o pintinho – PIA até que se chegou à vaca. Em uníssono os pequenos gritaram a plenos pulmões – VOA.
Obviamente que não se tratava de crianças ignorantes, de pais desnaturados e estúpidos mas de crianças cujo único contato com uma vaca era via uma caixinha de leite.
Mas o que explica o voo da vaca?
Simples também!
Fazia sucesso na tevê o desenho da vaca voadora.
Por falta tempo (por conta as labutas diárias pela sobrevivência) os pais dessas crianças delegaram o encargo de educá-las às emissoras de TV.
A serra e a cobra
Cotia fica dentro daquilo que eu tomo a liberdade de chamar de “escarpa interna” da Serra do Mar.
A escarpa externa da Serra naturalmente é voltada para o mar, qual seja, o Oceano Atlântico.
Dia desses estava conversando com um velho amigo cotiano, advogado , e ele, como eu, aliás, reclamava de que o município de Cotia, “tão bonito”, dizia ele (com o que eu concordo) estava ficando totalmente desfigurado pela especulação imobiliária, não apenas aquela voltada à construção de residência, mas, igualmente, pelos chamados parques industriais.
Aqui mesmo em Cotia, ainda no início dos anos 90, abri uma discussão a respeito da responsabilidade dos cotianos na desfiguração do município, com a atração não apenas das indústrias, mas muito especialmente das favelas, o que é e sempre foi o resultado mais visível da industrialização.
Essas especulações todas (aqui vale sim o plural) fizeram desaparecer não apenas parte da Mata Atlântica, mas, igualmente e como seria naturalmente indesejável, a sua suntuosa e rica fauna.
Por exemplo, onde estão as capivaras que ocupavam os banhados das terras baixas, se nem banhados temos mais?
E cadê a Cutia, ou Acoti, ou Acuti de onde o município emprestou o seu nome?
Onde estão os bugios? Os micoestrelas? Os tatus? Os serelepes?
Mas ainda restam as cobras, algumas delas, é verdade. Mas mesmo assim “Ora, viva”.
Na casa vizinha ontem apareceram duas (por estas bandas conhecidas como cobra d´água), aquelas cobras verdes, lindas, que não fazem mal a ninguém, a não ser a ratos, alguns pássaros menores e certos insetos – todos precisam de proteínas como se vê.
Em casa mesmo apareceu uma cobra coral (coral falsa, bem entendido) muito bela e ousada, dentro de residência.
Que folgada!
Tive de colocar porta a fora a intrusa.
Mas a história mais bacana aconteceu quando minha mãe ainda estava viva.
Estávamos todos sentados numa lateral da casa: minha mãe, meu pai, eu e ainda os dois cachorros.
Pois não é que uma cobra coral falsa desfilou calmamente entre nós todos e sem que nenhum de nós lhes prestasse atenção ou reverência?
Pois então, com tantos problemas de desmatamento, de destruição da Mata Atlântica, de desfiguração do município onde nasci e de especulação imobiliária desenfreada eu ainda vou me preocupar com um cara que está preso em Curitiba? (MTS)