
Na quinta e na sexta-feira (3 e 4 de maio) assisti a dois filmes norte-americanos que tinham como tema caminhadas – um documentário e uma ficção.
Já os havia assistindo há dois ou três meses, mas não me lembrava deles.
Minha memória foi voltado, parcialmente, ao longo das “películas”, mas não me lembrei de todo conteúdo dos dois filmes.
Após o infarto, que aconteceu em dezembro de 2015, minha memória passou a falhar.
Ela nunca foi um primor; sempre me esqueci das coisas com facilidade e, com o tempo, passei a não reconhecer algumas pessoas.
Na avaliação dos médicos isso era mais ou menos natural, dada à gravidade do infarto – muito em função do tempo em que demorei em ser atendido (1 dia, mas por culpa minha que não busquei ajuda imediata) e da forte arritmia da qual fui acometido.
Segundo eles, mas cedo ou mais tarde, e com terapia, a memória voltaria.
Não fiz a terapia, mas a memória começou a retornar aos poucos, isso até recentemente (a cerca de duas semana) quando não apenas voltou a piorar com piorou consideravelmente.
Dúvida
Uma dúvida me assalta, no entanto: não sei ao certo se a perda de memória é necessariamente uma coisa ruim ou uma coisa boa.
Uma boa vantagem, por exemplo, é nos esquecermos de todos os nossos problemas; como também vamos nos esquecer das próprias pessoas que geralmente são muito chatas; não vamos mais ter a consciência da morte (que já é um ganho considerável, convenhamos) e, principalmente, não vamos mais nos lembrar de pagar as nossas contas.
Se podemos usufruir das benesses dos esquecimento, temos também quem procure nos fazer retornar à condição de uma suposta sanidade, e para tanto identificam (até para resolver o suposto problema) sete os motivos para a perda de memória [1]:
Uso de drogas (lícitas ou não)
Não são raros os casos de bebedeira que terminam com alguém que não se lembra da noite anterior. O consumo de maconha pode fazer com que você esqueça coisas que estava para dizer ou mesmo se perder no meio de uma frase. Outras drogas também provocam efeitos semelhantes na memória de curto prazo, pois agem no rebaixamento do sensório (uma região do cérebro), afetando a consciência. Algumas delas também podem aumentar a agitação e, com isso, diminuir a atenção do usuário. Isso sem falar que também podem causar distúrbios na neurotransmissão cerebral, dificultando assim a retenção da lembrança.
Estresse
Alguns cientistas já reconhecem que o estresse é uma das principais causas de perda de memória recente, sendo que sua intensidade e tipo influenciam bastante nesse processo. A exposição às neurotoxinas geradas pode causar uma alteração na atividade normal do sistema nervoso central, resultando até em uma atrofia da estrutura onde as memórias se originam, o hipocampo.
Medicamentos
Quando o medicamento lida diretamente com o sistema nervoso central, há uma chance de ele afetar suas lembranças. Além de reduzir a atenção do paciente, eles também podem causar uma mudança no fluxo normal de neurotransmissão, diminuição da consciência e liberação de neurotoxinas, fatores que podem determinar uma alteração na memória de curto prazo. Vale ficar atento.
Doenças graves
Algumas doenças graves, como insuficiência cardíaca ou doença renal crônica, também podem causar problemas na memória de curto prazo. Elas provocam a liberação de neurotoxinas, redução do sensório e da circulação cerebral, que estão entre os principais motivos para o rápido esquecimento.
Apneia obstrutiva do sono
Esta doença crônica é caracterizada pelo bloqueio parcial ou total das vias respiratórias, o que causa repetidas pausas na respiração durante o sono. Além do ronco, os principais sintomas da apneia obstrutiva são o aumento da agitação durante a noite, uma falta de disposição e a sonolência em excesso durante o dia. Esses três pontos afetam a atenção do indivíduo e, com isso, afetam também a capacidade de funcionamento da memória de curto prazo.
Transtorno do ciclo sono-vigília
O período de sono e de vigília dos seres humanos segue um padrão, conhecido como circadiano. Em condições normais, esse período está sincronizado com fatores naturais e oscila dentro de um período de 24 horas. Algumas coisas, porém, como o jet leg provocado por viagens em fusos horários diferentes, estresse e disfunções hormonais, podem causar alterações nesse ciclo. É aí que aparece aquela famosa insônia ou a sonolência. Da mesma forma que a apneia, este problema pode afetar a atenção por causa da falta de disposição e sonolência, interferindo na memória de curto prazo da pessoa.
Doenças psiquiátricas
O transtorno de ansiedade, transtorno depressivo e outras doenças psiquiátricas podem causar perda de memória recente por diversos fatores, principalmente aqueles envolvendo o sistema nervoso. Elas podem ser responsáveis pela geração de neurotoxinas, provocar a diminuição da capacidade do sistema nervoso em se adaptar ao longo do desenvolvimento ou até mesmo afetar a capacidade de funcionamento dos neurotransmissores. Além da possibilidade do paciente sofrer com déficit de atenção, que também pode afetar a memória.
Acho isso tudo muito confuso e creio que o melhor mesmo é ser desmemoriado.
Márcio Tadeu dos Santos
Nota
[1] https://super.abril.com.br/blog/superlistas/7-fatores-que-podem-te-levar-a-perda-de-memoria-recente/