O governo do Temer está preocupado com o apoio nada velado que os militares (boa parte deles, pelo menos) está dando à greve dos caminhoneiros que entre outros mimos reivindica intervenção militar “constitucional” (veja aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/05/reacao-de-militares-a-protesto-causa-preocupacao-na-cupula-do-governo.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha _).
A primeira coisa que temos de lembrar é que essa confusão toda com os caminhoneiros foi criada pelo próprio governo federal que se fez de surdo ao não receber as lideranças da categoria e ao não dar, também, ouvidos às suas reivindicações.
Coisa bastante parecida aconteceu com os protestos de 2013, aqueles dos 0,20 centavos, que acabou culminando com a queda de Dilma Rousseff.
Ninguém parece ter aprendido nada.
Quando o povo sai às ruas é mais prudente ouvi-lo.
A outra alternativa é reprimi-lo, mas aí já é outra história.
Outra questão é que estimulada pela candidatura de Jair Bolsonaro parte desses militares está se coçando para, de uma forma ou de outra, voltar ao poder, se não a bordo de uma ditadura escancarada, mas, pelo menos, podemos assim dizer, em sua forma velada.
Temos ainda uma terceira perna dessa história (como no conto Urupês, de Monteiro Lobato): a reação de boa parte da sociedade brasileira (e não só da classe média como quer entender a esquerda, mas muito pelo contrário) que apenas vê em um regime de força capacidade suficiente para estancar a bandalheira, quer dizer, a roubalheira, a que está submetido o país.
Num Brasil bastante acostumado ao arbítrio, à injustiça e à opressão não devemos nos surpreender que sejamos reféns de discursos e de práticas autoritárias e violentas.
Isso é bastante lógico.
Marcio Tadeu dos Santos