Alguns exemplos de como o respeito e a solidariedade costumam andar ausentes no Brasil

Desert
Deserto / Reprodução

Apesar da baixa temperatura e de um chuvisco fui pela manhã a uma padaria próxima de casa.

É uma boa descida e depois, voltando, uma subida razoavelmente íngreme, frente à qual muita gente encontra dificuldades, inclusive eu.

Sei que não posso abusar do “menu”, mas vez ou outra vou à padaria tomar café com leite e comer “pão (francês) com ovo”.

Aqui em São Paulo se fala “pão francês”. Em outras regiões brasileiras se dão outros nomes ao pão, e o mais comum deles é “pão de sal”.

“Pão de sal” é um nome tão impróprio para identificar o produto quanto “pão francês”, que não existe e nunca existiu na França.

No portal Vila Mariana diz-se que : “A receita desse pão, branquinho e fofo, que cabe na palma da mão, surgiu no Brasil no começo do século XX e antes de 1914, data de início da Primeira Guerra Mundial… O nosso pão francês não tem muito a ver com os pães da França. Sua receita foi criada na tentativa de reproduzir um pão popular na cidade de Paris da época, curto, cilíndrico, com miolo branco e casca dourada, mas acabou por tornar-se bem diferente dele por conter um pouco de açúcar e gordura na massa”.

Só não está claro onde exatamente “nasceu” o “pão francês” brasileiro

O pão com ovo me reservou um incômodo: na hora de a atendente de balcão entregar  o pedido ela me deu um pão com manteiga na chapa e o “como ovo”, que era meu, a um sujeito que estava ao lado.

Reclamei imediatamente da troca mas não deu tempo para que a moça reagisse, pois o sujeito ao lado já tinha abocanhado a metade do “sanduba”

Ao lado da desatenção nada profissional da atendente, é de se perguntar como o sujeito ao lado não percebeu que o “sanduba”  era de ovo e não o que ele havia pedido?

Talvez, por que não, ele estivesse tentando aplicar aquela velha malandragem de “levar vantagem em tudo” – afinal “pão com ovo” custa mais que o pão com manteiga na chapa.

Resolvida a questão sanduíche saí e encontrei um jovem morador de rua que fica nas proximidades.

A história que conta é que seria de Sorocaba (interior de São Paulo) e fora cabeleireiro, mas que, ao longo da jornada de sua vida, que não é das maiores, passou a usar droga e foi parar nas ruas, provavelmente expulso pela família – o que, aliás, é uma história bem  recorrente.

Apesar dos percalços que a vida lhe impôs ele se mostrou muito preocupado comigo, que estava com uma alpercata e de bermuda “com esse frio”.

Não sei se o glutão  do “sanduba”, além de se apropriar do sanduíche alheio, teria um olhar condescendente para com o morador de rua.

Acho pouco provável.

Marcio Tadeu dos Santos

2 comentários sobre “Alguns exemplos de como o respeito e a solidariedade costumam andar ausentes no Brasil

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