
Já me cansei de ouvir a mesma história sobre mim mesmo: você precisa escrever suas memórias; elas são muito ricas; devem conter muitos ensinamentos e experiências variadas.
Nunca hostilizei ninguém por me fazer esse pedido-sugestão quase agressivo e um tanto pornográfico.
Permaneço, na minha medida, com minha educação precária, mas não respondo malcriadamente como seria de se esperar de minha parte, ao abusado.
Recebi uma nova solicitação nesse sentido e esse novo assediador era um novato com o qual tive, até agora, parcos e exíguos contatos.
No primeiro parágrafo sai-me com um “sobre mim mesmo”.
Não necessitava formular a oração daquele jeito.
Bastar-me-ia usar ”sobre mim”, posto que eu estivesse falando de um interlocutor e não apenas de “mim” para “mim”.
Mas quis usar assim!
Firulas, reconheço.
Mas voltando à questão ou à proposição em si não vejo essa necessidade toda, nem sei se tenho o que falar/dizer e , principalmente, explicitar e/ou exemplificar.
Tenho preguiças!
“Macunaimicamente” sou um preguiçoso e sei de pronto que sou um sujeito parcial, “pela metade”, que nunca terminou nada começado.
Isso é literal e real (acreditem).
Então falar o que? Do quê? Sobre o quê?
Creio que não existam aí razões e eu nem as encontro.
Talvez devesse me impor a lógica de buscar agulha num palheiro. Quem sabe?
Creio que vez ou outra, meio confusamente, pincelo uma coisa ou outra a meu respeito e sobre aquilo que presumi ter visto ou penso ter visto.
Mesmo assim tenho a consciência (pelo menos isso!) de que são relatos parciais, medianos, medíocres, sem importância, dos quais ninguém sentirá falta
Fragmentos precários de partes apenas apanhadas por aí .