
O Brasil vai à copa da Rússia, que se inicia daqui a pouco, dividido.
Na verdade não dividido – o que, a rigor, pressupõe partido em dois, em dois pedaços – mas fraturado ou trincado em três pedaços disformes.
De um lado estão aqueles que irão torcer pelo selecionado, desbragada ou discretamente.
Esse povo eufórico com os feitos da seleção tem diminuído bastante – e não é de hoje – na medida contrária em que cresce o número dos discretos, que muitas vezes, porém, se cansam e deixam de torcer para “Neymar e Cia”.
O que nós estamos presenciando nos últimos tempos – e não é apenas após os eventos de junho de 2013 – é um brasileiro, embora ainda perdido, sem saber que rumo irá tomar mais crítico, mais cético e mais cínico.
Creio que em algum momento do passado recente nós perdemos a nossa inocência.
Quem sabe tenha sido durante a ditadura militar, mas isso é impossível de se saber sem que se façam estudos profundos sobre nosso comportamento, o que me parece ninguém tenha ainda feito, pelo menos que eu saiba.
A outra banda dessa fissura é formada por aqueles que garantem não torcer – de jeito nenhum – e até torcer contra pelo selecionado nacional.
É fácil perceber quem é essa gente, até porque ela faz questão de afirmar-se.
Trata-se de esquerdistas(e)petistas humilhados pelas ofensas dirigidas a então presidente Dilma Rousseff momentos antes do início da copa disputada no Brasil em 2014.
Mais há mais outra razão mais severa e mais impactante: as acachapantes derrotas para a Alemanha (7 a 1) e para a Holanda (3 a 0).
Sem medo de copiar bisonhamente uma ideia velhíssima vinda do século passado, a esquerda(e)petista reconstruiu uma teoria da conspiração (lá na França, contra a França; aqui no Brasil contra a Alemanha e depois contra a Holanda) garantindo que o Brasil “vendeu” a copa do mundo para poder derrubar mais facilmente a Dilma da presidência, como se com “venda” ou “não-venda” a presidente tivesse alguma condição de permanecer no Palácio do Planalto.
A terceira parte, que parece de longe a maior das três, é indiferente não apenas à própria copa do mundo como ao próprio futebol.
Argumentam as esquerdas(e)petistas que esse desinteresse, desencanto, que beiraria os 70%, é o resultado do eles chamam de golpe contra a Dilma e agora contra o principal ídolo das esquerdas(e)petistas, qual seja Luiz Inácio Lula da Silva.
Trata-se de um argumento que não se sustenta, pois historicamente 60% dos brasileiros não “apreciam” futebol.
Se esse índice “cresceu” 10 pontos percentuais não é exatamente uma surpresa, principalmente sabendo-se que muitos dos críticos do selecionado tendem a engrossar esta terceira fatia.
E é anda de se observar duas questões:
(1) parte dessa torcida “contra” deverá passar a torcer pelo Brasil, mesmo que discretamente – aliás, como é de costume;
(2) o índice de indiferentes pela copa (60%? 70%?) tende a cair ao longo do torneio, especialmente se o Brasil for avançando (o que deverá acontecer) até se classificar para a final.
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