Se você não gosta da seleção brasileira por que irá gostar de política?

Brazil v Argentina - 2018 FIFA World Cup Russia Qualifier
Foto: MdeMulher

Ouço falar (mas não sei se a informação procede, pois não vi nenhuma delas) que pesquisas apontam um grande desinteresse pela copa do mundo na Rússia, e, consequentemente, pelo selecionado brasileiro.

O desinteresse pelo selecionado nacional não é exatamente uma novidade.

Gente mal humorada como eu deixou de “torcer” pelo “escrete nacional” já em 66, e alguns bem antes disso.

Mas tenho notado o crescimento desse desinteresse após a copa do México, em 1970, provavelmente por conta das atrocidades que foram praticadas pela ditadura militar (de 64 a 85).

Muita gente conta uma história difícil de acreditar dando conta de que mesmo presa e torturada torceu avidamente pelo selecionado, mesmo sabendo que Emílio Garrastazu Médici iria usar a Copa “politicamente” e como aval da ditadura.

Creio que essa gente contadora dessas histórias não comprovadas e nem comprováveis tomou–as de empréstimo dos argentinos, que, aliás, naquela copa do mundo não estiveram presentes.

O fato se deu, se é que se deu mesmo, 8 anos mais tarde, durante a copa do mundo disputada na própria Argentina.

Na contramão a esse (suposto?) desinteresse pelo mundial e pelo selecionado nacional haveria um interesse cada vez maior pela política, e, no caso, pelas eleições (gerais) que acontecerão em outubro.

Esta é outra afirmação temerária de se fazer, principalmente sabendo-se que índice superior a 20% (como é de costume) não deverá votar, e índice parecido (ou até maior) deve anular ou votar em branco.

Então é de se perguntar: onde está esse interesse todo pela política e pelas eleições vindouras?

No mundial passado, aqui no Brasil, boa parte da direita e dos conservadores torceu contra o selecionado nacional (só não se esperava, creio, pelos sete a um da Alemanha), e na inauguração de um dos estádios da copa chegou-se a ofender grotescamente a presidente (de então) Dilma Rousseff.

Estigmatizado junto com seu partido, o ex-presidente Lula sequer deu o ar de sua graça nos estádios, ele que se diz fanático torcedor tanto do Corinthians, quanto do selecionado nacional.

Derrubada Dilma, eis que chegamos a um novo mundial e agora quem parece torcer avidamente contra o selecionado nacional são as esquerdas, pois se teme que Temer venha a tirar proveito de um eventual sucesso do “escrete nacional”.

E como é de se esperar, da mesma forma que se proliferaram varias fake news no sentido de que o Brasil “vendeu” a copa passada para assim derrubar mais facilmente Dilma Rousseff, iremos ver a repetições dessa arenga estúpida e sem sentido.

Só que teremos de esperar para sabe com quais versões ela nos chegará

– se o Brasil ganhar a copa, certamente Temer e a direita compraram todo mundo, para assim solidificar e justificar o “golpe”;

– se o Brasil perder, certamente as esquerdas, via PT e Lula, compraram todos os jogadores brasileiros visando derrubar Temer e vencer as eleições de outubro. (MTS)

Eleição indica um presidencialismo enfraquecido e refém de senadores e deputados

Baralho
Lula já é carta fora do baralho? (reprodução)

Pelo menos até o momento, quando ainda estamos na fase das pesquisas de intenção de votos para a presidência da república, parece que mais uma vez o Brasil não elegerá os ditos extremistas.

A população indica (e percebe) como extremistas o esquerdista Guilherme Boulos e o direitista Jair Bolsonaro.

Apesar do discurso edulcorado da comunista Manuela d’Ávila talvez pudéssemos colocá-la nesse mesmo rol; mas o PCdoB, partido à qual pertence, anda tão mais doce que a política gaúcha que é melhor deixá-la de lado.

Manuela não tem a menor chance de se eleger e dificilmente terá mais de 4% dos votos, apesar do apoio, que até agora parece maciço, de artistas de esquerda, como Chico Buarque de Holanda.

Chico apoiando Manuela quer dizer que já se dá Lula como carta fora do baralho.

Está ela fazendo o que podemos chamar de figuração e seu partido tentando apenas barganhar alguns postos no futuro governo, se o futuro for de esquerda, o que é improvável.

Boulos talvez nem chegue perto dos 4% dos votos.

O ativista social é apenas mais um ensaio lulista, mas de concreto mesmo, no futuro, o que ele poderia almejar e alcançar seria a assembleia legislativa de São Paulo ou a câmara dos deputados em Brasília.

Mas melhor seria que ele se mantivesse apenas ativista do MTST.

Já Bolsonaro preocupa tanto esquerdistas, quanto os liberais, mas a entrada do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, soa como um alerta para o candidato do Rio de Janeiro.

Bolsonaro, agora, passa a imaginar que poderá nem mesmo chegar ao segundo turno.

 “Com que roupa eu vou”[1]

Fernando Enrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (em seu primeiro mandato) conseguiram, através de alianças, sustentar uma coalisão (governabilidade) às vezes custosa, mas que lhes permitiu levar seus respectivos governos mais ou mesmo tranquilamente.

Isso não se viu com Fernando Collor de Mello que teve de renunciar para não sofrer o impeachment  e com Dilma que, perdendo toda a sua base de apoio, sucumbiu em pouco mais de um ano (segundo mandato).

Atualmente, nenhum candidato à presidência parece ter forças para aglutinar maioria no congresso.

A população, por seu lado, deverá votar aleatoriamente em deputados e senadores, pensando mais nos indivíduos que lhes possam representar ou lhes favorecer, e menos em partidos e em ideologias.

O resultado dessa barafunda talvez nos permita ter uma antevisão de um inferno à brasileira.

Por aqui, tudo o que é ruim pode sempre piorar mais um pouco.

Nota

[1] https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=rETSGoLBjjk

 

No dia em que quase assassinei o ditador Emilio Garrastazu Médici

Lula Dops
Foto da ficha de Luiz Inácio Lula da Silva, no DOPS, de São Paulo – Acervo O GLOBO

Alguns jornalistas, nominalmente Ricardo Boechat e Vera Magalhães, ele da Band e ela da Jovem Pan (é provável que existam outros, mas que me escapam às observações), a modo de criticarem as violências que ora cercam a Caravana do Lula pelo Sul do País, afirmam que tal comportamento apenas repete o que sempre se fez contra os adversários do petismo.

A primeira observação a ser feita é que se trata de uma forma bastante acanalhada de justificar uma conduta se espelhando em outra; numa espécie de olho por olho, dente por dente [1].

A segunda é que está se usando, neste caso, apenas o senso comum que foi, diga-se, bastante cultivado pela própria imprensa (a tal da grande) e pelos senhores (leia-se capital, dinheiro) a quem ela serve.

No caso, a população, desavisada e distraída, apenas entra de “boi de piranha[2] e apenas repete aquilo que já estava posto na mesa.

Num confronto cara-a-cara esses jornalistas dificilmente conseguiriam eles sustentar a difamação contestatória – muito pelo contrário, já que esse tipo de violência de direita abunda-se a perder de vista, sem a necessária contrapartida esquerdista.

Não se pode dizer, sem perder o pé da história, que as esquerdas (entre elas o petismo) sejam anjos de candura, mas é difícil anotar que desde o surgimento do partido, ele e seus militantes não tenham sido as vítimas, e não o contrário, os algozes de seus adversários e inimigos.

Aqui também os exemplos abundam e falam por si só.

Alguns petistas estão tão assustados, temerosos com os acontecimentos sulinos que chegam a sugerir/pedir a suspensão da Caravana do Lula, o que seria, convenhamos, uma demonstração de fraqueza, não compatível com a história do PT e muito menos com a história de Lula.

Obviamente que isso não deve e nem pode acontecer.

É correto esperar, no entanto, que o exemplo do Sul se espalhe pelo restante do País e que a partir de agora esse tipo de agressão recrudesça, o que pode desandar em direção de problemas maiores ainda, especialmente durante as eleições.

Mas não creio que seja o perfil da esquerda partir para o revide, partir para o confronto aberto.

Quando eu ainda era estudante de jornalismo tive, segundo alguns colegas, duas oportunidades de praticar atentados contra a ditadura militar.

Numa delas, foi cobrir uma cerimônia em Quitaúna, em Osasco, onde fica o 4° Batalhão de Infantaria Leve (4º BIL) do exército brasileiro.

Na outra, estive a dois passos do general Emilio Garrastazu Médici, o terceiro dos ditadores do golpe de 1964.

Em ambos os episódios meus colega de faculdade me questionaram porque eu não estava de posse de bombas e de algumas armas para “fazer justiça com as próprias mãos”.

A rigor não sou exatamente um sujeito corajoso e nem me passou pela cabeça fazer um troço desses.

E sem necessariamente ser um pacifista, nunca me pareceu oportuno reagir dessa maneira tresloucada, assim como entendo que de nada adiantará ao petismo reagir à violência que se vê no Sul do País com mais violência.

A não ser que se queira “colocar fogo no País” e dar chances a que extremistas e oportunistas, como Jair Bolsonaro, para possa chegar à presidência da república.

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Notas

[1] “Olho por olho, dente por dente” [*] é uma expressão que significa vingança, e que o castigo deve ser dado na mesma proporção do dano causado.

Olho por olho, dente por dente, é um dito popular que sugere uma punição do mesmo tamanho da ofensa.

A expressão “Olho por olho, dente por dente”, surgiu na antiguidade, onde a justiça era feita pelas mãos dos homens. (veja mais https://www.significados.com.br/olho-por-olho-dente-por-dente/)

[*] Lei de talião, pena antiga pela qual se vingava o delito, infligindo ao delinquente o mesmo dano ou mal que ele praticava. (Hamurabi, rei da Babilônia, no século XVIII a.C. – ibid.)

[2] Expressão popular brasileira que designa uma situação onde um bem menor e de pouco valor é sacrificado para que em troca outros bens mais valiosos não sofram dano.

 

Temer faz jogada de mestre, encurrala o PT e deixa as esquerdas sem saída

Intervem
Sputnik Brasil

Como chamou a atenção em artigo hoje – Temer colocou um abacaxi no colo da esquerda – (Vi o mundo), Ricardo Cappelli – secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes – o presidente da República encurralou as esquerdas, que, na prática, sequer têm candidato ao Palácio do Planalto, muito em conta do fator Lula da Silva e seu equivocado discurso de vitimista, o que acabou por esvaziar qualquer possibilidade de uma alternativa à esquerda, que não ele próprio.

Em leitura logo pela manhã – “Bolsonaro é favorito para vencer se disputar o segundo turno contra o PT” (El País) – “Maurício Moura, que trabalhou em campanhas nos EUA e no Brasil,  diz que velhos dogmas das eleições brasileiras, como a preponderância da TV, estão em xeque” e que “candidatos com perfil ‘indignado’, como o esquerdista Ciro Gomes e o deputado de extrema direita Jair Bolsonaro, são potencialmente competitivos numa disputa na qual Luiz Inácio Lula da Silva está virtualmente fora…”.

O PT sentiu o golpe e começa a perceber que ficou sem saída, e apenas um fator excepcional pode lhe tirar da enrascada.

Enquanto Temer intervém no Rio de Janeiro e segue dando números (corretos ou falsos [1]) palatáveis à economia brasileira, Fernando Henrique Cardoso trabalha para esvaziar as candidaturas temporãs, tipo o global Huck, visando limpar a trilha para Alckmin e derrotar o PT ou algum outro candidato de esquerda já no primeiro turno.

Nota

[1] Como Viemos Parar Aqui Neste Buraco por Luiz Gonzaga 

 

Luciano Huck vem aí com as bênçãos de Fernando Henrique Cardoso?

Lula
Luciano Huck ao lado de Lula: os dois podem disputar as eleições presidenciais este ano?

Estimulado por conversas com Fernando Henrique Cardoso, o apresentador de TV, Luciano Huck, está retomando contatos com vistas a sua candidatura à presidência da República este ano.

O apresentador de TV busca repetir Fernando Collor de Mello que acabou por atropelar políticos importantes como Leonel Brizola, Mário Covas e Ulisses Guimarães, para depois vencer, em segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva.

O estimulo maior da candidatura de Luciano Huck, no entanto, vem da quase impossibilidade de Lula se candidatar.

Ninguém vê um possível substituto de Lula como capaz de vencer o pleito.

FHC é tucano e o PSDB vive alguns dilemas importantes, justamente nas proximidades do pleito de outubro.

Há uma ruptura entre o prefeito de São Paulo, João Dória Junior, e governador paulista, Geraldo Alckmin.

De outro lado, também há um entrevero importante entre o governador paulista e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.

Luciano Huck é um estranho no ninho, mas, mesmo assim, aparentemente FHC está disposto a avalizar o que muita gente chama de “aventura“.

Se Lula e Bolsonaro podem por que Luciano Huck não pode?

Luciano
Reprodução TV Globo

Acusado pelo Partido dos Trabalhadores de autopromover-se candidato à presidência da República, no programa do “Faustão”, Luciano Huck teve de se justificar junto ao TSE de que a história não era bem essa.

Inocência, obviamente, não há nem em Luciano Huck, nem em Faustão e muito menos na Rede Globo de TV.

Mas as questões que ficam são: o que seriam as caravanas de Luís Inácio Lula da Silva pelo Brasil e as idas sistemáticas de Jair Bolsonaro a diversos estados brasileiros se não propaganda eleitoral antecipada?

Se um não pode, esses outros também não poderiam, aliás, nem deveriam.

Bolsonaro parece estar pouco de importando com a história de Huck, mas o PT ficou bastante incomodado, lembrando-se, obviamente, da histórica derrota de Lula para Fernando Collor de Mello.

O PT acusa a Rede Globo de manipular um debate entre os dois candidatos, a véspera do pleito, e com isso mudar o voto de milhões de brasileiros.

Trata-se de um “folclore” criado pelo PT, ou seja, um “factoide” para justificar a derrota para Collor.

Seja o que for, no caso de Huck, o Planalto (leia-se, o governo federal) está levando a sério a eventual candidatura do apresentador; FHC está batalhando para que ela aconteça e alguns partidos políticos olham a candidatura com certa simpatia.

De seu lado, Huck diz que apenas responderá se será candidato ou não após o carnaval.

A memória do povo ainda faz FHC forte candidato a 2018

FHC
Crédito da foto: GGN

Há momentos estive num bar. Flagrei a conversa de uma senhora (diga-se, pelas vestimentas e pelo local que frequentava, pobre) – ela conversava com outra senhora também de aparência pobre, mas mais nova.

A mais velha disparou que “nesse aí eu não voto de jeito nenhum. Nunca votei nele”.

A senhora mais velha estava se referindo a Luiz Inácio Lula da Silva que aparecia (por qualquer razão) na tela da tevê.

A mais jovem concordou parcialmente.

A mais velha disparou que só “voto naquele que fez o real” (ela se confundiu um pouco, mas estava falando de FHC).

A mais nova concordou também parcialmente enquanto a mais velha dizia que “eles (Lula e família) estavam agora dormindo tranquilos”.

Ela não estava dizendo que Lula e família dormiam “o sono dos justos” à noite, mas durante o dia, enquanto o povo estava numa pindaíba danada – não eram 3 horas (15 horas) da tarde ainda.

A senhora mais nova tentou tomar as rédeas da conversa, dizendo que “ele (FHC) está muito doente e não pode se candidatar”.

A mais velha reagiu dizendo, então, que “ele (FHC) que colocasse a mulher dele no lugar ou um de seus filhos”.

Duvido que ela saiba que Ruth Cardoso morreu e FHC tem nova mulher (Patrícia Kundrát) e quantos filhos/as o ex-presidente tem (três).

A conversa deve ter terminado do ali (suponho que terminou) pois elas pediram a conta do bar e saíram.

O vencedor

Após Fernando Collor de Mello bater Lula de virada na primeira eleição presidencial direta depois regime militar, Lula teve de amargar duas derrotas para FHC em primeiro turno nas duas eleições seguintes.

Há uma miríade de explicações do por que FHC venceu Lula com tanta facilidade nos dois pleitos, explicações de vão desde a paternidade do Plano Cruzado passando por ser um “cara bonito” até pela sua condição de intelectual e de professor da Universidade de São Paulo.

Seja o que for e mesmo que sejam todas as variantes, parece que o único candidato a ter forças para derrotar o “sapo barbudo” seria FHC.

Ocorre que, ao contrário de Lula, FHC não dá mostras de querer voltar a disputar a presidência da república, mesmo que alguém choramingue nos seus ombros para que volte.

Talvez isso seja, realmente, republicanismo, e não aquilo que anda se dizendo por aí, entre gente que não “quer largar o osso nem a pau”.

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São muitos os candidatos a suceder Michel Temer, e quase todos não passam de especulação

Temer

Henrique Meirelles? Carmem Lúcia? Gilmar Mendes? Rodrigo Maia?

Quem será o próximo presidente da república, numa espécie de mandato tampão ao de Michel Temer?

País esquizofrênico este que não leva em consideração que haverá eleição marcada para 2018 (outubro/novembro).

Se se antecipar a eleição presidencial ficaríamos como?

Com uma presidência de alguns meses ou, outra hipótese, como uma presidência de pé-quebrado – 4 anos e mais alguns meses –, posto que teremos a outra eleição pós-2018 em 2020?

Nesse rol de candidatos e de candidaturas poderíamos acrescentar, igualmente, o próprio Michel Temer (ele já disse que quer e que se o “povo pedir” ele se candidata [resta saber que povo iria pedir para Temer se candidatar]) e Joaquim Barbosa, que reúne desafetos e apoiadores em todas as faixas da população.

Em caso de vacância do cargo (lembremos que Michel Temer foi/é o vice de Dilma Rousseff) a constituição determina que em 90 dias sejam convocadas eleições indiretas para a definição do sucessor do presidente, em, digamos assim, mandato complementar ou, em bom português, tampão mesmo.

A menos que ocorra uma hecatombe; um golpe de estado; ou uma virada de mesa (mais uma vez em bom português) dificilmente será possível marcar-se uma eleição direta (“diretas já”) em lugar da eleição indireta “como manda a lei”.

O próprio Partido dos Trabalhadores, que tem um nome “robusto” (o de Lula) para disputar uma eventual eleição direta (com claras possibilidades de vencê-la) já trabalha com a lógica da eleição indireta, ressalvando que as mudanças intempestivas propostas por Michel Temes (trabalhista e da previdência social) devam ser estancadas de imediato e mais do que isso, soterradas e esquecidas.

Dos nomes lembrados/citados acima, alguns garantem que não são candidatos (Carmem Lúcia, por exemplo); Henrique Meirelles não diz nem sim, nem não (embora deseje); Gilmar Mendes se faz de morto; Joaquim Barbosa de meio morto (quer e não quer ao mesmo tempo); sobrando Rodrigo Maia que dificilmente seria eleito (embora possa) e se o fosse dificilmente teria o aval do SFT.

Isso quer dizer que, com sempre, estamos no mundo da mera especulação, mas de nenhuma certeza e de uma brutal desconexão com a realidade e com o que diz a constituição federal.

Tratar os números do Ibope como fazem petistas e anti-petistas é irreal

Reprodução/Justiça eleitoral
Reprodução/Justiça eleitoral

Os índices de qualquer pesquisa não são absolutos.

Tendem a se alterar com o tempo e com a aproximação do pleito.

Por exemplo, os 55% de rejeição a Lula da Silva devem se alterar nesse período, tendendo a diminuir.

Assim como dos demais, mas não necessariamente na mesma proporção.

Os 23% de “certeza do voto” do mesmo Lula seguirão a mesma lógica, tendendo a aumentar.

Assim como dos demais, especialmente daqueles que apresentem fôlego eleitoral para chegar ou quase chegar ao segundo turno.

A intenção de votos (Marina, 28%, e Aécio, 27%) segue igualmente a mesma lógica, tendendo a aumentar.

O que, do lado petista, muita gente está fazendo é somar 23 (certeza de voto) com 18 (intenção de voto), o que perfaria 41% dos votos finais.

No caso de Marina, seria 11 + 28 = 39%.

E de Aécio, 15 + 27 = 42%.

Já do lado anti-petista conta-se com os 55% de rejeição ao nome de Lula (100-55 = 45%).

Embora, neste último caso o petista tenha um bom (45%) número de votos, em segundo turno, expurgados brancos e nulos, o seu adversário venceria (fosse quem fosse), segundo a lógica matemática de seus adversários.

Lógica ruim

São ambas lógicas ruins.

Todos os índices da pesquisa tendem a se alterar (como sempre se alteram), especialmente, para 2018, por conta de dois fatores:

– os desdobramentos das investigações da Lava Jato;

– a reação de parte da sociedade brasileira, atualmente inerte e perplexa, mas a grande beneficiária dos programas sociais do governo federal.

Se Lula da Silva aparecer de vez nas investigações, o certo é que seu nome seja inviabilizado, seja pela justiça, seja pelo próprio partido.

Se não, ele passa a ser um concorrente de peso, aliás, como sempre foi, posto já ter ao seu lado a maioria do que se chama “sociedade civil organizada”, naco eleitoral do qual Marina Silva pode tirar um pedaço (e talvez apenas ela).

Veja os quadros

Certeza de voto – (Em quem os eleitores votariam com certeza)
– Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 23%
– Senador Aécio Neves (PSDB-MG): 15%
– Ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede): 11%
– Senador José Serra (PSDB-SP): 8%;
– Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB): 7%
– Ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE): 4%

Rejeição – (Não votaria de jeito nenhum)
– Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 55%
– Senador José Serra (PSDB-SP): 54%;
– Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB): 52%
– Ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE): 52%;
– Ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede): 50%;
– Senador Aécio Neves (PSDB-MG): 47%.

Possibilidade de voto – (Poderia votar)
– Ex-ministra e ex-senadora Marina Silva: 28%;
– Senador Aécio Neves: 27%;
– Senador José Serra: 24%;
– Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: 23%;
– Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: 18%;
– Ex-ministro Ciro Gomes: 16%.

Obs. Não se mistura votos de candidatos diferentes, mas de mesmo partido, como no caso do PSDB.

Aécio, Geraldo e Serra não disputarão entre si a presidência.

O correto é indicar a capacidade dos outros candidatos contra cada um dos tucanos.