O futebol passou pelas janelas e as carolinas não viram

A copa é nossa
Ilustração: Esporteemidia.com

Creio que nós todos saibamos que o futebol é o único esporte mundial.

Outros esportes tentam e continuam tentando se ombrear com este esporte, mas apenas com relativo ou pouco sucesso.

Frente a esse fato evidente não soa estranho que a copa do mundo tenha essa repercussão toda e esse prestígio todo e que o esporte seja aquele de maior rentabilidade financeira e de interesse pelo mundo todo.

Na nossa natural lentidão, muita gente não deve ter percebido (ou talvez não tenha conhecimento mesmo) as “mudanças profundas” pelas quais passou o esporte, especialmente após o advento e a democratização da televisão.

Há, obviamente, quem aponte (e com relativa razão) os “malefícios” que a televisão levou ao esporte e prefira o “futebol de antigamente” (inclusive jovens que não o testemunharam) sem se dar conta dos ganhos na preparação física, na medicina esportiva, na profissionalização de técnicos e dirigentes que necessariamente levaram os atletas a adotarem uma postura “mais responsável”, a despeito de algumas defecções que ainda encontramos por aqui e acolá.

A despeito dos escândalos que sempre cercaram a Fifa (e talvez por conta deles), a federação internacional executou um trabalho brilhante de não apenas levar o esporte-futebol a todos os recantos do planeta como, e principalmente, nesse caso, criou escolas de futebol ao redor do mundo, o que nos permite assistir às antigas “zebras” (como é o caso dos países africanos, por exemplo) “fazendo bonito” no “esporte bretão”.

Vulgarizou-se, por aqui, pelo Brasil, que a atual copa do mundo que está sendo disputada na Rússia, não está despertando o interesse dos brasileiros.

Reconheçamos que o Brasil passa por um momento delicado da sua vida política e está imerso numa crise econômica sem precedentes, o que, naturalmente, altera o humor e a condição dos nacionais frente a copa russa, especialmente pensando-se, também, no enorme vexame patrocinado pelo selecionado nacional há quatro anos, aqui mesmo no Brasil.

No entanto, o decantado desinteresse dos brasileiros pela atual copa de mundo, como assim está posto, pelo menos até agora, destoa da realidade que se vive no país com os “feriados forçados “ e a ausência do povo circulando pelas ruas em dias de jogos do Brasil, como mais uma vez estamos presenciando.

E recordemos, também, que à medida em que o selecionado nacional for avançando na copa do mundo mais crescerá o interesse por sua performance.

E não será surpresa alguma que se o selecionado nacional chegar à final e ainda vencê-la venha a ocorrer uma explosão de júbilo e alegria, inclusive entre aqueles que esperam, por qualquer motivo que seja, pelo fracasso do selecionado nacional.

Márcio Tadeu dos Santos

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Neymar Júnior é o cara – o resto é despeito, rancor e ódio

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Neymar
Foto: REUTERS/Damir Sagolj

Neymar Júnior, ex-jogador de futebol do Santos, com passagem pelo Barcelona e (agora) atuando no PSG (França) não sai da mídia, pelo menos por daqui, mas não só, reconheçamos, seja por conta de seu cabelo, seja por sua namoradinha insossa e atriz de capacidade duvidosa, seja pelo seu futebol exuberante, futebol no qual a maioria dos nacionais leva fé para o país ganhar mais uma copa do mundo; fé que todos parecem ter, mesmo aqueles que dizem detestá-lo, odiá-lo, despreza-lo (ou perto disso).

Igualmente, então, “botam a maior fé” em Neymar Júnior aqueles que o identificam como o cara (favor não confundir o cara do Lula, na infelicidade precipitada de Osama, depois da enxurrada de denúncias que o cercam).

Todos, em uníssono, esperam ansiosamente pela redenção do futebol brasileiro, mesmo aqueles que teimam em menosprezar o esporte e o jogador nacional.

Neymar Júnior não é apenas o cara (pelo menos para nós, brasileiros) como teve a cara e a coragem (minha mãe diria “a pachorra”) de desprezar o Barcelona em meio a um contrato e se mandar para o França.

Os argumentos dos sem-argumentos são variados: Neymar Júnior foi pela grana do PSG; Neymar Júnior não queria permanecer à sombra do argentino Messi.

Pode ser qualquer uma dessa coisas juntas ou separadas, como igualmente pode ser pura birra de moleque (“muleke”) ou as três coisas juntas ou nenhuma dela.

Vai saber o que passa pela cabeça e pelas vontades do “muleke”?

A única coisa com concreta para se dizer a respeito é que há muito despeito e mágoa nessa parada, especialmente recordando-se que Neymar Júnior apoiou, na eleição presidencial de há quatro anos, um candidato preterindo a outra candidata.

Esse barril de pólvora no qual o Brasil foi lançado explode continuamente e antecipa a grande explosão (o nosso big bang) e nos jogou num denso lamaçal de banalidades, ignorâncias, intolerâncias capaz de destilar um liquido fedido, uma mistura nauseabunda e horrenda de política com futebol.

Vivemos tempos obscuros.

Márcio Tadeu dos Santos