A crise cresce no mundo todo e ninguém parece ter uma boa explicação para o evento

Davos
Só Deus nos salva de crise ou nem ele?

Estava eu ontem em uma cerimonia religiosa (católica) e foi sintomático ver que a maioria das pessoas (maioria mesmo) presentes, durante o ofertório, lembrava que vários de seus “entes queridos” – principalmente filhos e filhas – estavam desempregados – apenas uma delas lembrou-se de agradecer “a Deus”, pois recentemente um filho conseguiu, finalmente, voltar a empregar-se, após alguns anos.

Foi interessante também notar que a maioria absoluta dessa gente é o que a esquerda (aqui no Brasil) chama normalmente de “coxinha”, qual seja, conservadora e de direita.

Também se destaca por aqui que quem oficiava a cerimônia (um padre) sempre esteve mais ligado à Teologia da Libertação (dita de esquerda) e ao Concilio Vaticano Segundo, mas (o padre) buscou ser discreto, pois sempre foi amigo da maioria dos presentes.

O que não é necessariamente uma contradição – como algumas pessoas hão de pensar – posto que, como sacerdote, não lhe cabe fazer distinções, até porque a ação primária do catolicismo é a (indistinta) evangelização, mesmo no caso da Teologia da Libertação.

Não se pode dizer que aquelas pessoas passassem por “dificuldades financeiras”, muito pelo contrário, mas estavam e estão, sim, sentindo o baque de uma crise que se alonga por vários anos – problema que não apenas assola o país, mas todo restante do planeta.

E os reclamantes não estão sozinhos, ao contrário: o país fechou 20.832 vagas de trabalho formal em 2017, como aponta o Caged do Ministério do Trabalho.

Neste ponto chegamos a um consenso: a crise não é (apenas) brasileira, mas mundial; e ela não se iniciou no atual governo, mas sim durante os mandatos petistas – de Lula e de Dilma, que parecem (isso é uma ironia) ter se esquecido de que não se gasta mais do que se ganha.

Mas é certo, também e no entanto, dizer que o atual mandatário Temer (que, aliás, manda pouco) não está conseguindo debelar a crise herdada (por surrupio), até porque, como já se disse acima, trata-se de uma crise mundial.  Mas muito pelo contrário: Temer e sua equipe a está agudizando (isso ele consegue fazer com desenvoltura) e criando pânico entre a população por conta da supressão dos direitos trabalhistas e da seguridade pública.

Apesar disso, Temer está buscando vender, em Davos, na Suíça, um espécie de encantamento de serpente (como está tentando fazer o mesmo o atual presidente dos Estados Unidos), com a história da reforma da Previdência Social, o que é claramente um engodo.

O presidente norte-americano Trump fala de uma retomada da união e da importância da América Latina, no cenário internacional e principalmente americano, o que, obviamente, é outra balela imensa e absoluta.

Balela (e esta criminosa) é a própria reunião de Davos, que prega uma intensificação e um aprofundamento do neoliberalismo e ainda uma expansão da internacionalização da economia, o que é um troço obviamente estúpido e abjeto, pois o que isso quer dizer, na prática, é uma agudização da exploração maciça de pessoas e do meio ambiente.

Resta saber o que devem fazer as pessoas, o povo, a população, tanto aqui, como lá fora.

Pelo menos por enquanto, aparentemente, nada, pois estamos vivendo um momento de perplexidade e de medos.

Até quando isso vai durar não se sabe, mas desconfia-se que por algumas décadas.

Como acréscimo, diga-se que as pessoas (a maioria delas e principalmente a totalidade dos presentes na cerimônia religiosa) parecem não ter a mínima capacidade para fazer a conexão entre a enorme crise mundial (a que rapta os empregos dos ”entes queridos”) com aquilo que corre no Brasil neste momento.

Ou quem sabe não queiram fazer essa conexão, o que acaba resultando exatamente na mesma coisa.

Leia também

A ética de Arnaut e o espírito do capitalismo – Esquerda net

Obituário de Úrsula K. Le Guin, la creadora de Anarres, el planeta anarquista – Periódico Libertário

A construção do socialismo (1) – Passa Palavra

‘Belluzzo: Um manifesto “luterano” para a economia’

Lutero

[Na celebração dos 500 anos do repto lançado por Martinho Lutero à hierarquia da Igreja Católica, o New Weather Institute e o movimento Rethinking Economics, com o apoio de um largo espectro de economistas, acadêmicos e cidadãos, lançam um desafio ao ensino de economia baseada na visão dominante e convocam a mobilização por uma Nova Reforma consubstanciada nas 33 Teses para a Reforma da Economia.

O lançamento das Teses foi realizado no University College London em associação com a The Economists Society of University College London e o Institute for Innovation and Public Purpose.

Participaram do lançamento, entre outros, Victoria Chick (UCL), David King (assessor científico do governo britânico), Andrew Simms (University of Sussex) e Kate Raworth (Oxford University).

Lei a seguir o manifesto:

33 teses para uma reforma da economia

O mundo enfrenta pobreza, desigualdade, crise ecológica e instabilidade financeira.

Tememos que a economia faça muito menos do que poderia para oferecer ideias que ajudariam a solucionar esses problemas. Isto ocorre por três motivos:

Primeiro, na economia se desenvolveu um monopólio intelectual insalubre. A perspectiva neoclássica domina avassaladoramente o ensino, a pesquisa, os conselhos de políticas e o debate público. Muitas outras perspectivas que poderiam oferecer ideias valiosas são marginalizadas e excluídas. Isto não se refere a uma teoria ser melhor que outra, mas à ideia de que o progresso científico só avança com um debate. Na economia, esse debate morreu. Segundo, enquanto a economia neoclássica fez uma contribuição histórica e ainda é útil, há amplas oportunidades de melhora, discussão e aprendizado a partir de outras disciplinas e perspectivas.

Terceiro, a economia da corrente dominante parece ter se tornado incapaz de autocorreção, desenvolvendo-se mais como uma religião do que como uma ciência. Com demasiada frequência, quando teorias e evidências entraram em conflito, as teorias foram mantidas e as evidências, descartadas.

Propomos estas teses como um desafio ao monopólio intelectual insalubre da economia da corrente dominante. Estes são exemplos das falhas nas teorias da corrente dominante, das ideias que as perspectivas alternativas têm a oferecer e das maneiras como uma abordagem mais pluralista pode ajudar a economia a se tornar ao mesmo tempo mais eficaz e mais democrática. Esta é a afirmação de que uma economia melhor é possível, e um convite ao debate.

O objetivo da economia

  1. O objetivo da economia deve ser decidido pela sociedade. Nenhuma meta econômica pode ser separada da política. Os indicadores de sucesso representam opções políticas.
  2. A distribuição da riqueza e da renda são fundamentais para a realidade econômica e também o devem ser na teoria econômica.
  3. A economia não é isenta de valor, e os economistas devem ser transparentes sobre os julgamentos de valor que fazem. Isto se aplica especialmente àqueles julgamentos de valor que podem não ser visíveis ao olhar destreinado.
  4. A política não “nivela” o campo de jogo, mas o inclina em uma direção. Precisamos de uma discussão mais explícita de que tipo de economia queremos, e como chegar lá.

O mundo natural

  1. A natureza da economia é que ela é um subconjunto da natureza, e das sociedades em que ela surge. Ela não existe como identidade independente. As instituições sociais e os sistemas ecológicos são, portanto, centrais, e não externos, ao seu funcionamento.
  2. A economia não pode sobreviver ou prosperar sem insumos do mundo natural, ou sem os muitos sistemas de suporte à vida que o mundo natural oferece. Ela depende de um contínuo fluxo de energia e matéria, e opera em uma biosfera de equilíbrio delicado. Uma teoria econômica que trate o mundo natural como externo a seu modelo não pode compreender plenamente como a degradação do mundo natural pode prejudicar suas próprias perspectivas.
  3. A economia deve reconhecer que a disponibilidade de energia e recursos não renováveis não é infinita, e o uso desses bens para acessar a energia que eles contêm modifica os equilíbrios de energia agregada do planeta, gerando consequências como catástrofes climáticas.
  4. A retroalimentação entre a economia e a ecologia não pode ser ignorada. Ignorá-la até hoje levou a uma economia global que opera muito fora dos limites viáveis da ecologia que a contém, no entanto exige maior crescimento para funcionar. Mas a economia deve se basear nas restrições objetivas da ecologia planetária.

Instituições e mercados

  1. Todos os mercados são criados e moldados por leis, costumes e cultura, e são influenciados pelo que os governos fazem e pelo que eles não fazem.
  2. Os mercados resultam das interações entre diferentes tipos de público e organizações privadas (assim como as do setor voluntário e da sociedade civil). Mais estudos deveriam ser feitos sobre como essas organizações são organizadas de fato, e como as inter-relações entre elas funcionam e poderiam funcionar.
  3. Os mercados também são mais complexos e menos previsíveis do que pode estar implícito em simples relações de oferta e demanda. A economia precisa de uma compreensão mais profunda sobre como os mercados se comportam, e poderia aprender com a ciência de sistemas complexos, como é usada na física, na biologia e na computação.
  4. As instituições moldam os mercados e influenciam o comportamento de todos os agentes econômicos. A economia deve, portanto, considerar as instituições como uma parte central de seu modelo.
  5. Já que economias diferentes têm instituições diferentes, uma política que funcione bem em uma economia pode funcionar mal em outra. Por esse motivo, dentre muitos outros, é improvável que seja útil propor um conjunto universalmente aplicável de políticas econômicas baseadas somente na teoria econômica abstrata.

Mão de obra e capital

  1. Salários, lucros e retornos sobre ativos podem ser atribuídos a um amplo leque de fatores, incluindo o poder relativo de trabalhadores, empresas e proprietários de ativos, não apenas a suas contribuições relativas à produção. A economia precisa de uma compreensão mais ampla desses fatores, de modo a melhor informar as opções que afetam a parcela de renda recebida pelos diferentes grupos na sociedade.

A natureza da tomada de decisões

  1. Erro, preconceito, reconhecimento de padrões, aprendizado, interação social e contexto são influências importantes no comportamento que não são reconhecidas pela teoria econômica. A economia da corrente dominante precisa, portanto, de uma compreensão mais ampla do comportamento humano, e pode aprender com a sociologia, a psicologia, a filosofia e outras escolas de pensamento.
  2. Os indivíduos não são perfeitos, e a tomada de decisões econômicas “perfeitamente racional” não é possível. Qualquer decisão econômica que tenha algo a ver com o futuro envolve um grau de incerteza inquantificável, e, portanto exige julgamento. A teoria e prática econômica da corrente dominante devem reconhecer o papel da incerteza.

Desigualdade

  1. Em uma economia de mercado, os indivíduos com as mesmas capacidades, preferências e dotes não tendem a acabar com o mesmo nível de riqueza, sujeita apenas a certa variação aleatória. Os efeitos de pequenas diferenças de sorte ou de circunstâncias podem conduzir a resultados enormemente diferentes para cidadãos semelhantes.
  2. Os mercados muitas vezes mostram uma tendência a aumentar a desigualdade. Por sua vez, as sociedades desiguais se saem pior em uma série de indicadores de bem estar social. A teoria econômica da corrente dominante poderia fazer muito mais para compreender como e por que isso acontece, e como pode ser evitado.
  3. A proposição de que conforme um país enriquece a desigualdade deve inevitavelmente aumentar antes de diminuir é falsa, como foi demonstrado. Qualquer combinação de crescimento do PIB e desigualdade é possível.

Crescimento do PIB, inovação e dívida

  1. O crescimento é uma opção tão política quanto econômica. Se escolhermos buscar o “crescimento”, as perguntas (“crescimento do quê, por que, para quem, por quanto tempo e o quanto é suficiente?”) devem ser respondidas de forma explícita ou implícita.
  2. A inovação não é externa à economia. É uma parte inerente da atividade econômica. Nossa compreensão do crescimento do PIB pode ser melhorada se virmos a inovação como parte de um ecossistema de desequilíbrio, em constante evolução, moldado pelo desígnio dos mercados e pelas interações entre todos os agentes no interior deles.
  3. A inovação tem um ritmo e uma direção. Uma discussão da “direção” da inovação exige uma compreensão do “objetivo” na elaboração de políticas.
  4. A dívida privada também influencia profundamente o ritmo de crescimento econômico, no entanto é excluída da teoria econômica. A geração de dívida aumenta a demanda financiada por dívida e afeta os mercados de bens e de ativos. As finanças e a economia não podem ser separadas.

Dinheiro, bancos e crises

  1. A maior parte do dinheiro novo que circula na economia é criada pelos bancos comerciais, a cada vez que concedem um novo empréstimo.
  2. O modo como o dinheiro é criado afeta a distribuição da riqueza na sociedade. Consequentemente, o método de geração de dinheiro deveria ser entendido como uma questão política, e não meramente técnica.
  3. Como os bancos geram dinheiro e dívida, eles são agentes importantes na economia, e deveriam ser incluídos nos modelos macroeconômicos. Os modelos econômicos que não incluem os bancos não serão capazes de prever as crises bancárias.
  4. A economia precisa de uma melhor compreensão de como a instabilidade e as crises podem ser criadas internamente nos mercados, em vez de tratá-las como “choques” que afetam os mercados a partir de fora.
  5. A financeirização tem duas dimensões: finanças em curto prazo e especulativas, e uma economia real financeirizadas. Os dois problemas devem ser estudados juntos.

O ensino de economia

  1. Uma boa educação em economia deve oferecer uma pluralidade de abordagens teóricas aos estudantes. Isto deve incluir não apenas a história e a filosofia do pensamento econômico, mas também um amplo leque de perspectivas atuais, como institucional, austríaca, marxista, pós-keynesiana, feminista, ecológica e complexidade.
  2. A economia em si não deve ser um monopólio. Cursos interdisciplinares são chaves para a compreensão das realidades econômicas das crises financeiras, pobreza e mudança climática. Política, sociologia, psicologia e ciências ambientais devem, portanto, ser integradas ao currículo, sem ser tratadas como acréscimos inferiores à teoria econômica existente.
  3. A economia não deve ser ensinada como um estudo de valor neutro de modelos e indivíduos. Os economistas devem ser versados em ética e política, assim como capazes de se envolver de maneira significativa com o público.
  4. Um enfoque predominante em estatísticas e modelos quantitativos pode deixar os economistas cegos para outras abordagens metodológicas, incluindo pesquisa qualitativa, entrevistas, trabalho em campo e argumentação teórica.
  5. Acima de tudo, a economia deve fazer mais para incentivar o pensamento crítico, e não simplesmente recompensar a memorização de teorias e a implementação de modelos. Os estudantes devem ser incentivados a comparar, contrastar e combinar teorias, e aplicá-las criticamente a estudos de caso em profundidade do mundo real.”

Retirado do Portal Vermelho, publicado originalmente na  CartaCapital.

Outras leituras

”Conheci seis papas e tive duas namoradas. Nós, monges, somos peritos em ateísmo.” Entrevista com Enzo Bianchi – Revista IHU On-Line

Natal pós-capital? – Revista IHU On-Line

Fim da neutralidade da rede rompe com a democratização dos direitos digitais e favorece disputas econômicas e políticas. Entrevista especial com Marcelo Barreira – Revista IHU On-Line

A economia global à espera de outra crise – Outras Palavras

O nazismo voltou a assombrar o mundo – Twitter

O que o capitalismo fez para e com um país arcaico como o Brasil

images
Crédito da foto: osul.com.br

Quando éramos adolescentes a maioria das mulheres não trabalhava.

Na verdade elas tinham algumas funções sociais bem (de)limitadas: ou casavam-se com algum “bom partido” (embora nem todos fosse bons), ou viraram professoras (o destino de uma boa parte delas, casadas ou não),  ou sequer se casavam (embora muitas pudessem ser professoras) e se transformavam nas famosas tias (“ficou pra titia”).

Isso num país rural, meio atrasadão e bastante arcaico e moralista, embora já existisse a pujança de São Paulo com suas indústrias.

Imagine o restante do país, exceção feita ao Rio de Janeiro, condenado à baixa produtividade e ao excesso de funcionários públicos.

A despeito de alguns esforços (sinceros), que nos empurraram para a modernidade capitalista  – como nas eras getulinas; no governo Juscelino, na ditadura militar e durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso -, ainda é possível encontrar boa parte da sociedade brasileira metida, por exemplo,  na prática do escambo (especialmente na Amazônia – mas não só nela: é possível encontrar em São Paulo, por exemplo, essa prática), a despeito de alguns esforços, repita-se, o país, como um todo, vive ainda uma êxtase pré-capitalista, e não atentou nada, nada para o que disse Marx, que não via alternativa para a ruptura com o mundo capitalista sem que o capitalismo estivesse (esteja) todo ele desenvolvido no mundo todo.

Nesse particular (e importante particular) somos gente que colabora imensamente para que o Brasil viva à margem da civilização e do desenvolvimento, nos confundindo com cunhadismos, com exploração de mulheres, com escambo e com corrupções e pequenos golpes que solapam a sociedade como um todo e não a deixam andar, que dizer, evoluir.

Havia quem acreditasse que o país pudesse contribuir imensamente com a revisão do modelo desenvolvimentista, colocando na linha de frente do desenvolvimento não os interesses do capital, mas sim, como vanguarda, a questão ambiental e social – após praticamente 500 anos de exploração intensiva de ambas.

Qual o que? Não vimos nada disso!

Ao contrário, o que vimos foi uma agudização de práticas nefastas, que, como sempre, privilegiaram os grupos sociais que souberam “ler o futuro” (podemos dizer assim, estiveram mais preparados, se preparam melhor) para continuar explorando uma massa enorme de trabalhadores e de não-trabalhadores e destruindo a natureza e, por consequência, as riquezas naturais do país.

É possível que minha geração e as gerações vindouras não consigam enxergar uma mudança substancial em uma população que  teima de continuar explorada e que, em outra ponta da escala social,  teimam em subalternizar os trabalhadores (sejam eles quem forem) com a complacência daqueles que têm a petulância de afirmar lutar por eles – os pobres e os miseráveis deste país.

Bolsonaro não vê nada demais em o Brasil ser explorado pelos Estados Unidos

Bolsa
http://www.youtube.com

Jair Bolsonaro, o deputado federal e suposto candidato à presidência da república, ano que vem (ele ainda não tem partido definido e a maioria dos partidos com os quais flerta não o quer – daí o suposto), alimenta (isso é uma grande desinformação ou um jogo de cena apenas) que a China é um país, ainda, comunista.

Muita gente dita de esquerda (e tão desinformada quanto Jair Bolsonaro – se for mesmo esta a hipótese) acredita pia e candidamente no comunismo chinês.

A favor de Jair Bolsonaro a outra hipótese, a do jogo de cena, que busca atrair a direita anticomunista, soa mais verossímil.

Ou Jair Bolsonaro é um sujeito bastante bem informado (e quem sabe jogue o jogo das paixões política), ou existe alguém a seu lado que faz esse papel.

Se Jair Bolsonaro não tivesse percebido até então, deveria perceber após seu périplo pelos EUA que redundou num enorme fiasco e nalguma hostilização.

As “vozes do mercado” – por ele ansiadas e por ele tão esperadas – o taxam de um sujeito tacanho, ignorante e desqualificado para dirigir um país do tamanho do Brasil (tal qual ocorre com os ruralistas aqui mesmo no Brasil). Parece que ninguém mais quer um aventureiro tipo Fernando Collor de Melo nos dirigindo.

Talvez seja mais fácil seduzir exatamente os chineses (aos quais ele ofende), pois são esses mesmos chineses que estão a fazer acordos não importando a ideologia e nem a cor do dinheiro, mesmo aqueles sujos de sangue.

Mas com uma esquerda (especialmente a petista – se é possível acreditar que o PT seja de esquerda) completamente anestesiada e muito mal informada, Jair Bolsonaro vai, sim, cada vez mais explorar o filão do anticomunismo, do perigo vermelho, seja o do PT, seja o da Venezuela, seja o (do suposto) chinês, e, quem sabe?,  ele possa até ressuscitar, apenas para assustar ainda mais as classes pobre e média, a extinta URSS. Por que não?

Jair Bolsonaro é capaz (como aliás é o caso de Lula, o líder do PT) de tudo para chegar à presidência da república, não com o apoio irrestrito das “vozes do mercado”, como almeja, mas com o apoio de boa parte dos pobres e de segmentos da classe média que exatamente temem a “volta” (sic) do comunismo no Brasil; que flerta descaradamente com uma solução militar, e hostiliza brutalmente os defensores de direitos humanos, como se eles fossem desumanos (quem sabe sejam mesmos!) e que, por isso mesmo, prescindam de direito, de leis e de constituição. É o vale tudo! O salve-se quem puder!

Estaríamos rumando para o caos e para o precipício? Quem sabe? É uma boa hipótese para se apostar.

Leia também

Bolsonaro faz alerta contra ‘invasão chinesa’ no Brasil – Revista Veja

General Mourão diz que Temer faz ‘balcão de negócios’ para governar – Folha de São Paulo

Intervenção cívica – Youtube

Carta sobre a felicidade (Epicuro envia suas saudações a Meneceu)

EpicuroQue ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la.

Pratica e cultiva então aqueles ensinamentos que sempre te transmiti, na certeza de que eles constituem os elementos fundamentais para uma vida feliz.

Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem-aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.

Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.

Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.

Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo, portanto quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado.

Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada pra nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no entanto, a maioria das pessoas ora foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.

O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não viver não é um mal.

Assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo ele colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve.

Quem aconselha o jovem a viver bem e o velho a morrer bem não passa de um tolo, não só pelo que a vida tem de agradável para ambos, mas também porque se deve ter exatamente o mesmo cuidado em honestamente viver e em honestamente morrer. Mas pior ainda é aquele que diz: bom seria não ter nascido, mas, uma vez nascido, transpor o mais depressa possível as portas do Hades.

Se ele diz isso com plena convicção, por que não se vai desta vida? Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu desejo; mas se o disse por brincadeira, foi um frívolo em falar de coisas que brincadeira não admitem.

Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.

Consideremos também que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade, outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida. E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos afastarmos da dor e do medo.

Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.

É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.

Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advém efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo. Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas.

Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.

Consideramos ainda a autossuficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.

Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita.

Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveita-la, e nos prepara para enfrentar sem temos as vicissitudes da sorte.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma. Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos. De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade. Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas.

Na tua opinião, será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio, que tem um juízo reverente acerca dos deuses, que se comporta de modo absolutamente indiferente perante a morte, que bem compreende a finalidade da natureza, que discerne que o bem supremo está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o mal supremo ou dura pouco, ou só nos causa sofrimentos leves? Que nega o destino, apresentado por alguns como o senhor de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso, instável, enquanto nossa vontade é livre, razão pela qual nos acompanham a censura e o louvor?

Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do destino dos naturalistas: o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.

Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mal.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.

Reclame cotidiano

BocanotromboneAlguns amigos antigos que tenho visto recentemente, após um bocado (muitos) de anos que não os via, estão a reclamar da vida.

Não é daquele tipo de reclamação banal de que a vida está difícil ou que não criei meus filhos “como deveria” ou estou agora aposentado e sem nada o que fazer e nem sei como fazer alguma coisa ou meus filhos não ligam mais para mim ou me sinto um inútil, eu que tanto lutei para a minha sobrevivência e a deles, veja só onde me meti neste final de vida.

Não… as reclamações são mais profundas. São reconhecimentos (embora não se dê o braço a torcer ou se demore em não deixar torcer o braço) de que se fez tudo errado, aquela história de que o caminho apontava por uma direção e nos – sabe-se lá por que, mas quase sempre por covardia, por medo – nos enveredamos para uma direção,  oposta.

O resultado, como era esperado, somente indicaria (como  indicou) o desespero, a amargura, a desilusão como fim último de uma decisão equivocada.

Aquela certeza da incapacidade de se tomar alguma direção.

Civilização

CXivilizaçãoA principal pergunta abordada por este livro parece ser, cada vez mais, a pergunta mais interessante que um historiador da era moderna pode fazer: por que, começando por volta de 1500, algumas pequenas organizações políticas no extremo ocidental do continente eurasiático passaram a dominar o restante do mundo, inclusive as sociedades mais populosas e, em muitos aspectos, mais sofisticadas do Leste da Eurásia?

Minha pergunta subsidiária é: se conseguirmos pensar em uma boa explicação para a supremacia do Ocidente no passado, será que seremos capazes, então, de fazer um prognóstico de seu futuro? Estamos realmente vivenciando o fim do mundo ocidental e o advento de uma nova época oriental? Em outras palavras, será que estamos testemunhando o fim de uma era em que a maior parte da humanidade esteve de algum modo subordinada à civilização que surgiu na Europa Ocidental no despertar do Renascimento e da Reforma – a civilização que, impulsionada pela Revolução Científica e pelo Iluminismo, se espalhou pelo Atlântico tão rapidamente quanto os antípodas, e enfim chegou a seu apogeu durante as Eras da Revolução, da Indústria e do Império? O próprio fato de que quero apresentar tais perguntas diz alguma coisa sobre a primeira década do século XXI.

(Prefácio à edição britânica: “Civilização : Ocidente X Oriente” / “Civilization – The West and the rest”, de Niall Ferguson).

Expectativas e previsões sobre a condenação de Lula por Sérgio Moro

Lula
Reprodução (manipulada) de foto do El Pais, via twitter

Digamos, num exercício de retórica, que metade dos brasileiros esperava a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz curitibano Sérgio Moro.

Não cremos que essa metade toda odiasse o Lula e o PT ao ponto de desejar que Lula fosse realmente condenado e, posteriormente, preso.

É bom que se diga, para início de conversa, que a condenação não significa necessariamente prisão, pois ainda estamos em primeira instância e o próprio Moro já tratou de colocar panos quentes na história e não açular as massas contra ele mesmo e contra a justiça no geral.

Embora pairem dúvida no ar  se essa massa está assim com esse poder todo de mobilização, caso Lula vá para a cadeia.

Desde 2013 o que se viu foi uma mudança na história política brasileira e as coisas não são mais exatamente assim como, especialmente, pensam os petistas.

Já se disse por aqui em outras oportunidades que Lula não é exatamente um cara fraquinho, sem poder e o PT igualmente não é um partido que esteja se debulhando, embora aqui mesmo se tenha acreditado, num dado momento, se isso iria acabar por acontecer.

Não dá para concordar com alguns jornalistas (eles deveriam ter mais responsabilidade e precisão no que dizem) indicando que a condenação aponta para o fim do Lula e é uma mancha no seu curriculum e naquilo que ele e o PT defendiam como ideal, ou seja, a ética.

Talvez essa gente apressada queira fazer os gostos dos patrões, de quem lhes paga (isso é muito comum no meio dos jornalistas), mas também é correto dizer que por estarem encastelado nas suas redações, essas pessoas (os jornalistas) não conhecem as ruas, não sabem como pensa a população, nem desconfia por que e como as pessoas agem e fazem.

Numa analogia, são eles, os jornalistas, gente que anda às cegas, na contramão do mundo real.

É quase uma virtualidade onde essas pessoas vivem.

Tudo, portanto e no entanto, é prematuro.

Mas apenas gostamos de falar, como se está exatamente fazendo neste espaço.

O Brasil está sendo vendido aos pedacinhos, segundo algumas pessoas

IntehNosso país está sendo retalhado, cortado, estripado para que alguém possa vendê-lo, aos pedacinhos, aos vândalos capitalistas que estão de olho neste butim monumental.

É interessante como as pessoas acreditam que o país é vulnerável mas ainda assim o país do futuro, onde ouros estarão à for da terra, as nossas mulheres serão eternamente ingênuas e cândidas e por onde correrá rios de mel e dos céus cairão toneladas de manás.

Acabamos de assistir a mais uma jornada (meio longa) de exaltação das nossas virtudes futurísticas e físicas, o que foi, como de resto, seguidas de um desalento tão descomunal, tão enorme em magnitude quanto a nossa euforia passageira.

Mas será para tanto?

Será que o país, após deslanchar num deslanchar quase sem freios, agora parou e não só parou, como ainda engatou uma marcha ré?

Ou será mesmo que somos um povo que ama o passado (Belchior) e não percebemos, não queremos perceber que o novo sempre vem?

Para não dizer que não falei de flores, mas apenas de seriedades, cito um professor sério,  Luiz Werneck Vianna, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) para quem

“O Brasil não vai acabar. O Brasil é um projeto feito ao longo de décadas, gerações. O Brasil continua sendo um extraordinário lugar para se viver, especialmente se olharmos em volta e vermos como temos sido capazes de viver no meio dessa amargura, desses ódios desencontrados da cena política, com uma sociedade que se mantém firme nas suas posições, que trabalha e que procura atingir seus objetivos. O Brasil não regride; o Brasil segue em frente.”

Notas importantes de uma crise que irá até o fim do mundo

FHC
Crédito da foto: GGN

Fernando Henrique Cardoso, o FHC, está dando o melhor de si: critica e pede a renúncia de Michel Temer na quinta-feira (passada) e telefona para afagos a Temer no domingo.

Faz mais: diz que quer dialogar com o PT para o enfrentamento da crise, mas num dialogo (monologo?) que nunca acontece.

Diz FHC que a culpa é do Lula que não aceita dialogar com ele e com o PSDB.

Bem… Lula tem uma carrada de defeitos já sobejamente conhecidos, mas duvido muito dessa conversa do FHC de que Lula não deseja dialogar. O “sapo barbudo” não é tão irresponsável assim

Esse papo do FHC soa com mera desculpa para ficar em cima do muro.

Dilma Rousseff está se virando na cama, perdendo sonhos e sonos e suspendendo viagens internacionais (pra Inglaterra, por exemplo) preocupada com a crise, que é, segundo ela, bastante grave.

Que é grave todos nós sabemos, mas Dilma Rousseff tem seu quinhão de culpa na crise (e que quinhão!) ao ceder ao canto de sereia de Lula e do PT, abrindo as torneiras (escancarando-as, na verdade) à gastança pública desenfreada e irresponsável.

Estive hoje conversando com um daqueles ”populares” (sujeitos) que fizeram parte da corrente insana e irresponsável que derrubou a presidente Dilma Rousseff (o Temer é vice, sempre se lembre disso).

Ele disse um coisa que não disse: que avisou as pessoas que era melhor deixar Dilma na presidência do que troca-la por um outro (no caso, Temer), pois, segundo ele, isso “não iria dar certo”.

Não me lembro de ele ter dito isso não, todas as vezes que conversamos; muito pelo contrário: ele vibrara com a possibilidade da queda da presidente, a quem taxava de incompetente.

O que sei é que muita gente que apoiou a deposição de Dilma Rousseff hoje em dia está roendo suas ignorâncias, suas insignificâncias, suas indignações e suas frustrações.

Não deveriam! Deveriam ter ponderado (à época) o quanto havia de estúpido em se derrubar uma presidente (ou mesmo um presidente) eleito pelo voto popular de maneira impune e sem consequência.

Tudo tem um reflexo, que não é exatamente como ir ao shopping center ou o lavar o carro num final de semana.

Aqui você faz, aqui você paga” – é o pior da história: estamos pagando todos, mesmo aqueles não desejamos e nem quisemos a queda de Dilma Rousseff.

A crise de alastra!