
A Folha de São Paulo ouviu 15 empresários (veja aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1717116-empresarios-querem-dilma-fora-mas-temem-contagio-com-cunha.shtml), “a maioria pediu anonimato para falar” (talvez seja isso que essa gente entenda por transparência e responsabilidade social), e, sem surpresa, todos dizem que Dilma Rousseff é “incompetente”, que são “a favor do impeachment”, que temem as “chantagens de Eduardo Cunha”, que acham que o melhor para o país (quer dizer, pra eles) é o Michel Temer, mas acham que isso não vai funcionar.
Por óbvio, a incompetência de Dilma Rousseff está na “gestão da economia”, que lhes cerceia o lucro.
Nenhuma palavrinha sobre as políticas públicas inclusivas dos governos petistas (Lula + Dilma) e a responsabilidade empresarial na formação de mão de obra qualificada, na geração e na manutenção de postos de trabalho/empregos e na melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Poucas palavrinhas sobre a corrupção (com tanto empresário metido nela, como poderiam?). Apenas um an passant: “a usina de surpresas da Lava Jato pode virar o cenário de ponta cabeça de uma hora para a outra”.
Bem, se virar outra vez, tudo volta ao normal, posto que de “ponta cabeça” o cenário já está.
E pra fechar, o velho dogma empresarial: o ajuste fiscal, que quer dizer na prática diminuir os impostos das empresas, aumentando, consequentemente, os seus lucros.
Tudo isso é bastante elementar e esperado.
A dissertação
Há pouco mais de uma década, um amigo (que obviamente não será identificado aqui) abriu a sua dissertação de mestrado dizendo/afirmando que a “responsabilidade social” das empresas é monocórdia e pode ser resumida em uma única palavra: “lucro”.
A título de provocação e de blague sempre se conta uma piadinha sobre a família Frias (Folha de São Paulo) que de criadora de frangos na região noroeste de São Paulo transformou-se em dona de um dos mais prestigiosos jornais brasileiros.
Fazendo coro à dissertação do meu amigo: não importa. Tudo é lucro. Vender galinhas abatidas ou jornais, tanto faz.