Atentado

Partido fundado em 10 de fevereiro de 1980, naquele mesmo ano o PT viu suas sedes alvos de atentados. Não sei ao certo o dia e o mês, mas naquele mesmo ano a sede do partido em Campo Grande (MS) foi parcialmente incendiada.
No dia seguinte fui ver o estrago juntamente com um sujeito chamado Alcides (fundador do partido no Estado).
Quebrou-se uma janela, atirou-se (provavelmente) uma tocha improvisada, queimaram-se alguns papéis e alguns recortes de jornais, chamuscou-se algumas cadeiras e mesas, e uma das paredes.
Não há estado neste país que possa garantir que pelo menos uma única agressão desse tipo nunca tenha ocorrido ao longo dessas décadas todas contra o partido.
Até uma prova muito robusta ao contrário, a agressão à bomba à sede do Instituto Lula, há dois dias, se insere nesse mesmo contexto.
Gente que se apressa em ser mais realista que o rei saiu à campo, em blogues e nas mídias sociais, para enxergar um ato terrorista, tendo como “prova” principal não a agressão em si, mas o fato de ela ter sido praticada por uma bomba.
Besteira!
Qualquer pessoa consegue produzir uma bomba em casa, comprando apenas material legal em qualquer birosca da cidade.
Basta um punhado de pólvora, uma garrafa que possa ser lacrada, alguns pregos e parafusos, um pedaço de tecido, gasolina ou álcool e uma caixa de fósforos ou um isqueiro… pronto… você é capaz de derrubar portas, quebrar janelas, ferir e até matar algumas pessoas.
Terrorismo
Malandramente alguns “realistas” estão classificando o atentado como um ato terrorista, ou de terrorismo.
Besteira!
Terrorismo são atos de força, violentos, praticados por grupos organizados (total ou parcialmente conhecidos) contra o estado e/ou contra forças externas de ocupação.
O terrorismo faz parte das estratégias de libertação de um dado povo ou de um segmento da população que se sente alijada social e/ou politicamente de uma nação ou região.
Direita
Os mesmos “realistas” adoram confundir a cabeça dos ingênuos e/ou apavorados, misturando no mesmo balaio direita, fascismo e nazismo, como se fosse todos uma coisa só.
Usam a mesma tática dos moralistas que garantem que do uso do álcool e do cigarro você chega à maconha e dela às drogas mais pesadas.
Besteira!
A realidade brasileira desmonta a farsa. Fora grupos muito pequenos e insignificantes, como a Opus Dei e a TFP, não existe qualquer outro registro da “direita” no Brasil.
Existisse, muito certamente alguns de seus representantes (mesmo que involuntários, como o Jair Bolsonaro) apareceriam com destaque nas pesquisas feitas mês a mês pelos institutos.
Simplesmente não aparecem, quando muito com merrequinhas de no máximo 5%. Na hora da eleição, nem isso.
Não há nenhum indicativo de grupos fascistas no país, apenas um ou outro grupelho de gente desinformada que se diz neonazista.
São Paulo

Outra bobagem extraordinária (esta, a maior de todas) destilada pelos “realistas” dá conta de que o estado de São Paulo é o berço da nova direita brasileira.
Não fosse a ignorância e um certo preconceito que se tem contra o estado, e, principalmente contra a capital, esse tipo de gente, que diz bobagens desse tipo, já teria sido amarrada e colocada no rio Tietê para usufruir das suas podres águas por algumas horas.
Mas não se precisa partir para atos violentos, ou para “as vias de fatos”. Basta perguntar aos “realistas” como então a cidade de São Paulo é administrada atualmente por um petista (e já foi por outras duas, Erundina e Marta) e várias da cidades do estado são comandadas por gente de esquerda.
E nem precisamos lembrar aqui da grande “bancada de esquerda” que SP manda para Brasília, e muito menos que no estado foram fundados tanto o PT, quanto o MST e a CUT.
Aí já seria humilhação demais. Poupemos os “realistas”.
Liberalismo
Mais que qualquer outra região brasileira, o estado de São Paulo tenta se sintonizar aos movimentos sociais que por ora tomam conta do mundo, os occupy, por exemplo, que defendem o estado mínimo, em favor da maior participação da sociedade organizada nos destinos do país, ou, em resumo, nos seus próprios destinos.
Há sim uma clara dissintonia entre São Paulo e o que, não sem um certo viés preconceituoso, no estado de chama de “resto do Brasil”.
A questão é puramente ideológica.
O paulista, grosso modo, não entende que o estado (nacional) deva ser o provedor do desenvolvimento do indivíduo, das famílias e dos grupos sociais; mais sim que crie políticas públicas capazes de liberar indivíduos e grupos sociais para que sigam caminhos próprios, sem interferências externas.
Simples assim.
Todo resto é pura ignorância e malandragem discursiva.